Obrador endurece discurso e acusa EUA de ‘mentiras’ sobre direitos humanos
Departamento de Estado publicou relatório nesta semana que cita assassinatos cometidos por policiais, militares e outras autoridades mexicanas
Em nova troca de farpas com os Estados Unidos, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, rejeitou na terça-feira, 21, críticas feitas ao histórico de seu governo com os direitos humanos, descrevendo como “mentiras” os relatos de abusos registrados em um relatório do Departamento de Estado americano.
O relatório divulgado na última segunda-feira, 20, relata assassinatos ilegais ou arbitrários cometidos por policiais, militares e outras autoridades mexicanas. O documento ainda indica que o país sofre com desaparecimentos feitos por agentes do governo, tortura e tratamento desumano por parte das forças de segurança.
+ Sob pressão, presidente mexicano diz que ‘México é mais seguro que os EUA’
“A impunidade e as taxas extremamente baixas de processos continuam sendo um problema para todos os crimes, incluindo abusos de direitos humanos e corrupção”, afirma o documento.
Quando questionado sobre o relatório, o presidente mexicano disse que “não vale a pena ficar com raiva, é assim que eles são”. Em seguida, afirmou que as alegações eram mentiras e que os EUA “acreditam que são o governo do mundo”.
O porta-voz interino do Departamento de Estado americano, Vedant Patel, defendeu as conclusões do relatório.
+ México abre investigação sobre abuso de direitos humanos pelo Exército
“No que se refere ao México, o envolvimento relatado de membros da polícia mexicana, militares e outras instituições governamentais em atos graves de corrupção e execuções arbitrárias ilegais continua sendo um sério desafio para o México e é por isso que eles foram destacados em nosso relatório”, disse Patel.
+ Obrador mostra garras contra sistema eleitoral e desencadeia protestos
No início do mês, quatro americanos foram sequestrados por homens fortemente armados no México, e apenas dois deles foram encontrados vivos pela polícia mexicana. Mesmo antes do sequestro, a orientação dada por Washington era de que cidadãos americanos deveriam evitar visitas a certos territórios mexicanos por risco de “crimes e sequestros”. O Departamento de Estado dos EUA atribuiu níveis variados de risco de viagem a 30 regiões do México, excluindo apenas duas localidades da lista.
Sob fortes críticas sobre episódios de violência, Obrador chegou a afirmar no início do mês que o México seria mais seguro que os EUA. De acordo com dados do Banco Mundial, no entanto, a taxa de violência no México foi quatro vezes maior a dos Estados Unidos em 2020. Apesar da queda de 7% nos homicídios, o governo mexicano está a caminho de registrar um número total de assassinatos superior a qualquer administração de seis anos no país.