O turbilhão devastador no Texas
Árvores foram arrancadas do chão pela raiz, áreas verdes deram lugar a um lamaçal pontilhado de carros destruídos, lixo e móveis arrastados

Foi assustador. Um temporal castigou durante algumas horas a área em volta de Kerrville, no Texas, despejando o equivalente a quatro meses de chuva. Quando chegou a madrugada de sexta-feira 4, o feriado da Independência, começaram a surgir os resultados de uma das piores catástrofes já vistas na região. O nível do Rio Guadalupe, que cruza o centro-sul do estado, subiu 8 metros em meros 45 minutos e transbordou, levando tudo na enxurrada, inclusive pessoas que dormiam. O número de mortos chegava a 119 na quarta-feira 9, entre eles 27 meninas e monitoras de um acampamento engolido pela enchente. Árvores foram arrancadas do chão pela raiz, áreas verdes deram lugar a um lamaçal pontilhado de carros destruídos, lixo e móveis arrastados pela correnteza, causando prejuízos estimados em 20 bilhões de dólares. No cenário de guerra, equipes de resgate buscavam cerca de 170 desaparecidos. Embora a área devastada seja conhecida como Flash Flood Alley, ou “trilha das inundações-relâmpago”, e o Serviço Nacional de Meteorologia tenha emitido avisos com antecedência, a escassez de funcionários em agências locais e a ausência de um sistema de alerta nas margens do Guadalupe retardaram a resposta. Segundo cientistas, rajadas repentinas de chuva extrema estão cada vez mais intensas e frequentes devido às mudanças climáticas. O vizinho Novo México foi também assolado por inundações nos últimos dias, com saldo de três mortos. Se nada for feito, fica o alerta: o desastre pode se repetir.
Publicado em VEJA de 11 de julho de 2025, edição nº 2952