O que pode ter causado derrame que levou à morte do papa Francisco
Pontífice já estava debilitado pelas infecções respiratórias que haviam causado sua internação no hospital Gemelli, em Roma, por mais de trinta dias

O derrame que provocou a morte do papa Francisco pode estar relacionado à ruptura de uma artéria no cérebro, disse a presidente do plano europeu para o AVC cerebral, Francesca Romana Pezzella, ao jornal italiano Corriere della Sera nesta terça-feira, 22. Na véspera, o Vaticano anunciou que a causa do óbito do pontífice foi “um derrame, seguido de coma e colapso cardiocirculatório irreversível”.
Além disso, o comunicado salientou que Francisco “tinha histórico prévio de insuficiência respiratória aguda causada por pneumonia bilateral multimicrobiana, bronquiectasias múltiplas, pressão alta e diabetes tipo II”. Nesse contexto, surgem duas possibilidades: argentino sofreu um AVC isquêmico, quando há bloqueio de uma artéria cerebral, ou hemorrágico, quando há rompimento total.
“No caso do papa, a hipótese é que se tenha tratado de um acidente vascular cerebral hemorrágico (ou hemorragia cerebral), que na primeira hora é acompanhado de um alto risco de morte. O tecido cerebral está danificado e é necessário intervir imediatamente: quanto mais rápida a intervenção, maiores as chances de recuperação”, disse Pezzella, que também é secretária da Associação Italiana de AVC.
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Idade como fator de risco
A neurologista afirmou que seria necessário conduzir uma tomografia computadorizada do cérebro para atestar, de fato, se foi um AVC hemorrágico. No entanto, ela indicou que a idade é um fator decisivo para a doença. Pezzella explicou que a incidência de um derrame “dobra a cada década de idade após os 55 anos” e que “se houver histórico familiar, o risco aumenta em 30%”. Francisco estava com 88 anos.
“O que sabemos e o que foi possível observar durante as suas saídas nos últimos dias é que o pontífice estava com muitas dores e cansado. O AVC não tem nada a ver com problemas respiratórios”, analisou a médica. “Pode-se supor que tenha sido causada por um pico de hipertensão, patologia da qual Bergoglio (sobrenome de nascimento do papa) sofria, conforme também consta no atestado de óbito. A hipertensão é a principal causa de acidente vascular cerebral, seguida pela idade, diabetes, fibrilação atrial e imobilidade”.
O físico de Francisco já estava debilitado pelas infecções respiratórias que haviam causado sua internação no hospital Gemelli, em Roma, por mais de trinta dias. Sucessivas crises colocaram em dúvida a possibilidade de sua recuperação – médicos informaram que consideraram interromper os tratamentos e oferecer apenas cuidado paliativo.