O que muda na guerra com decisão drástica de Trump sobre Ucrânia
Governo americano ordenou suspensão do envio de auxílio militar a Kiev, poucos dias depois do bate-boca entre republicano e Zelensky

O governo de Donald Trump ordenou a suspensão do envio de auxílio militar dos Estados Unidos à Ucrânia na noite de segunda-feira 3, poucos dias depois do bate-boca entre o republicano e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
A pausa é uma maneira do presidente americano pressionar o líder ucraniano a aceitar negociações para encerrar a guerra com a Rússia. Segundo a Bloomberg e a Fox News, a pausa deve durar até que fique claro para Trump que Zelensky está comprometimento em firmar um acordo de paz.
“Isso não é o fim permanente da ajuda, é uma pausa”, disse um funcionário do governo Trump à Fox News.
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Nesta segunda, Trump criticou Zelensky por dizer que acredita que o fim da guerra “ainda está longe, muito longe”. Nas redes sociais, o republicano afirmou que “é a pior declaração que poderia ter sido feita por Zelensky, e os EUA não vão tolerar isso por muito mais tempo”.
Impacto direto
A suspensão não afeta itens que já foram enviados, então especialistas militares dizem que pode levar tempo para que o impacto da falta de ajuda dos EUA seja sentido no campo de batalha. Quando a assistência dos EUA foi retida por vários meses no ano passado por impasses entre republicanos no Congresso, o impacto inicial mais notável foi a escassez de defesas aéreas para abater mísseis e drones russos. Mais tarde, as forças ucranianas no leste reclamaram da escassez de munição, incluindo para artilharia.
Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, o governo americano gastou cerca de 183 bilhões de dólares em apoio aos ucranianos, segundo o Pentágono — outras estimativas, como do think tank alemão Kiel Institute, calculam que o valor gira em torno de 120 bilhões de dólares, enquanto o próprio Trump alega que mais de 350 bilhões foram gastos com a guerra durante a presidência de Joe Biden.
Em contrapartida, líderes europeus estão correndo para aumentar seus próprios gastos militares e fornecer suporte alternativo para Kiev, incluindo um plano para enviar tropas para apoiar qualquer cessar-fogo, embora digam que ainda precisam de alguma forma de apoio dos EUA.
Enquanto as nações europeias podem ser capazes de substituir os carregamentos de artilharia dos EUA, as armas mais avançadas usadas por Kiev vêm dos Estados Unidos, incluindo os mísseis ATACMS de longo alcance, que permitiram que a Ucrânia atacasse áreas dentro do território russo.
Suspender o envio de armas à Ucrânia tornou a paz “mais distante, porque só fortalece a mão do agressor no terreno, que é a Rússia”, disse o ministro francês para a Europa, Benjamin Haddad.