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O que irmã Becquart, amiga do papa, falou a VEJA sobre como Francisco via as mulheres

Subsecretária do Sínodo dos Bispos, cargo mais alto ocupado por uma figura feminina no Vaticano, freira francesa é protagonista de mudanças

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 abr 2025, 11h05 - Publicado em 21 abr 2025, 10h29

Há quatro anos, a irmã Nathalie Becquart foi indicada pelo papa Francisco ao mais alto cargo já ocupado por uma mulher na Santa Sé. Desde então, ela virou símbolo e liderança de uma singela, mas efervescente, transformação na Igreja Católica, apoiada pelo pontífice, que faleceu nesta segunda-feira, 21.

A subsecretária do Sínodo dos Bispos, órgão consultivo que indica para qual direção os ventos sopram na instituição religiosa, considera que Francisco a respalda quando coloca na mesa, como um dos principais pontos de discussão, o papel da mulher na Igreja do terceiro milênio.

“A questão de gênero é um sinal dos tempos. Em minhas viagens, ficou claro que há um pedido onipresente por mudança”, disse ela a VEJA em 2023, pouco antes de lançar o primeiro voto feminino no Sínodo dos Bispos daquele ano, quando Francisco colocou uma série de temas tabu à mesa.

De acordo com ela, Francisco objetivou criar um novo estilo de igreja, uma instituição que ela ainda considera “hierarquizada e fechada”. “Não podemos excluir ninguém. A participação feminina entra aí, assim como a da comunidade LGBTQIA+, dos jovens e de outras tantas vozes silenciadas”, afirmou a religiosa.

No entanto, garantiu que não se considera ingênua, e disse que o papa sabia bem que tamanha guinada de cultura não acontece de um dia para o outro. Francisco “não é capaz de virar essa página sozinho”, declarou à época. “Temos avançado muito nos últimos tempos. É um tema que requer visão de longo prazo”, completou.

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Também destacou que, por ora, não está em debate a inclusão de mulheres no alto da hierarquia religiosa, além da administrativa. Ou seja: firme defensor da doutrina, Francisco nunca abriu espaço para a discussão sobre permitir mulheres padres, bispos, cardeais. “A demanda vem de um grupo pequeno e é demasiado polarizante para ser aprovada. Mas existem várias maneiras de exercer protagonismo na igreja”, Nathalie disse a VEJA.

Desde que iniciou seu papado, há dez anos, Francisco tem encabeçado mudanças discretas, mas de impacto, através de discursos e ações. Sob sua liderança, o número de mulheres que ocupam cargos na Santa Sé e na Cidade do Vaticano aumentou 37%. Pela primeira vez na história, elas podem se tornar membros plenos dos dicastérios, os órgãos de governo da Cúria Romana, antes exclusividade de cardeais e bispos.

Por força desse avanço, em 2021 a freira franciscana Raffaella Petrini foi nomeada secretária-geral do Estado, responsável pelos sistemas de saúde e segurança e pelos museus, principal fonte de renda do Vaticano. E em janeiro deste ano, a irmã Simona Brambilla comandará o Dicastério para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

“Diferente dos antecessores, Francisco não tem medo de se envolver com as realidades do cotidiano e de tentar, apesar da oposição de vários cardeais, tornar a Igreja publicamente relevante para católicos e não católicos”, diz Michele Dillon, autora do livro Catolicismo Pós-Secular: Relevância e Renovação.

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