O que a Catalunha realmente anunciou?
"É inadmissível fazer uma declaração implícita de independência e depois suspendê-la explicitamente", diz governo espanhol
O pronunciamento do presidente catalão, Carles Puigdemont, ao Parlamento nesta terça-feira, ao contrário do que se esperava, gerou mais dúvidas sobre a independência da Catalunha do que respostas.
“O que comunico hoje não é uma vontade pessoal, é resultado do 1º de outubro”, disse Puigdemont em referencia à consulta pública sobre a independência da Catalunha, que recebeu mais de 90% dos votos a favor da separação, pouco antes de anunciar:
“Assumo o mandato do povo para que a Catalunha seja um Estado independente”.
A fala foi prontamente compreendida como a aguardada declaração de independência da região. Mas logo em seguida, Puigdemont fez um adendo. “Peço ao Parlamento que suspenda a declaração de independência para iniciar um diálogo nas próximas semanas”.
A partir daí, a confusão foi generalizada. Enquanto, segundo o jornal La Vanguardia, o presidente do partido governista Podemos, Pablo Iglecias, comemorou que Puigdemont não teria anunciado a separação, fontes do governo central consideram o discurso do presidente catalão como uma declaração oficial de independência e que o primeiro-ministro espanhol, Maniano Rajoy, deve tomar medidas para impedir a separação, de acordo com o El Pais.
O governo espanhol afirmou que considera que “é inadmissível fazer uma declaração implícita de independência e depois suspendê-la explicitamente”, informou o jornal La Vanguardia.
Logo depois do pronunciamento do presidente catão, deputados se sucederam na bancada do Parlamento. Puigdemont poderia fazer uma nova declaração ao final, e esperava-se que ele então esclarecesse o anúncio, mas a sessão foi encerrada sem que ele voltasse.