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Número de mortos em enchentes na Espanha sobe para 140; buscas continuam

Exército resgatou 70 pessoas presas em telhados e carros no último dia, mas um número desconhecido de indivíduos continuam desaparecidos

Por Da Redação 31 out 2024, 12h17

O número de mortos nas enchentes que atingiram a Espanha há dois dias subiu para pelo menos 140 nesta quinta-feira, 31, enquanto as buscas por sobreviventes e corpos entre carros encalhados, prédios inundados e entulho continuam. Resultado de chuvas torrenciais na madrugada de terça-feira e um rastro de destruição que lembra a passagem de um furacão ou tsunami, este já é considerado o pior desastre natural do século XXI na nação europeia.

Carros empilhados uns sobre os outros, árvores arrancadas do chão, fios elétricos caídos e utensílios domésticos atolados na lama transformaram a paisagem de Valência, a região mais atingida pelas chuvas, onde pelo menos 92 morreram. Um número desconhecido de pessoas continuam desaparecidas.

“Infelizmente, há pessoas mortas dentro de alguns veículos”, disse o Ministro dos Transportes da Espanha, Óscar Puente.

Autoridades regionais afirmaram na quarta-feira à noite, depois que helicópteros salvaram cerca de 70 pessoas, que aparentemente não restava ninguém preso em telhados ou em carros.

“Nossa prioridade é encontrar as vítimas e os desaparecidos para que possamos ajudar a acabar com o sofrimento de suas famílias”, disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, após se reunir com políticos em Valência nesta quinta-feira, o primeiro de três dias oficiais de luto declarados pelo governo.

Ferrovias e fazendas danificadas

A costa mediterrânea da Espanha está acostumada com tempestades no outono do Hemisfério Norte, que costumam até causar inundações, mas este foi um evento de proporções irreconhecíveis. Cientistas associam a intensificação de desastres naturais às mudanças climáticas, que também estão por trás do aumento nas temperaturas e secas na Espanha. O aquecimento do Mar Mediterrâneo provoca mais evaporação de água, tornando tempestades mais poderosas.

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Paiporta, uma comunidade de 25 mil habitantes próxima à cidade de Valência, foi o local que mais sofreu com o desastre. Segundo a prefeita, Maribel Albalat, 62 habitantes morreram por lá.

(Paiporta) nunca tem inundações, nunca tivemos esse tipo de problema”, disse Albalat à emissora nacional RTVE. “Encontramos muitos idosos (mortos) no centro da cidade. Muitas pessoas que foram tentar tirar seus carros das garagens (também morreram). Foi uma verdadeira armadilha.”

As tempestades também afetaram a costa sul e leste da Península Ibérica. Casas ficaram sem água até o sudoeste de Málaga, na Andaluzia, onde um trem de alta velocidade descarrilou na terça-feira à noite – embora nenhum dos quase 300 passageiros tenha se ferido.

Estufas e fazendas no sul da Espanha, conhecido como o jardim da Europa pela exportação de produtos agrícolas, também foram arruinadas. As tempestades geraram um tornado anormal em Valência e uma tempestade de granizo, que abriu buracos em carros na Andaluzia.

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Chuvas fortes persistiram nesta quinta-feira, mais ao norte do país. A agência meteorológica espanhola também emitiu um alerta vermelho para vários condados em Castellón, na região leste de Valência, e para Tarragona, na Catalunha.

“Esta frente de tempestade ainda está conosco”, disse Sánchez, o premiê. “Fiquem em casa e sigam a recomendação oficial, e vocês ajudarão a salvar vidas.”

Buscas continuam

Mais de 1.000 soldados das unidades de resgate de emergência da Espanha se juntaram a equipes de resgate regionais na busca por corpos e sobreviventes. Os militares encontraram 22 corpos e resgataram 110 pessoas até a noite de quarta-feira.

“Estamos procurando casa por casa”, disse Ángel Martínez, membro de uma unidade militar de emergência, à emissora nacional de rádio espanhola RNE da cidade de Utiel, onde pelo menos seis pessoas morreram.

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Cerca de 150 mil pessoas em Valência estavam sem eletricidade na quarta-feira, mas a luz voltou para quase metade nesta quinta, segundo a agência de notícias espanhola EFE. A região continua parcialmente isolada, já que várias estradas foram bloqueadas por entulho e viagens de trem, canceladas – incluindo a linha de alta velocidade para Madri. Oficiais afirmaram que vai demorar de duas a três semanas até que o sistema de transporte volte ao normal.

O caos também foi acompanhado por saques a lojas e mercearias. A Polícia Nacional fez 39 prisões na quarta-feira em áreas afetadas pelas tempestades. A Guarda Civil destacou policiais para impedir assaltos a casas, carros e shoppings.

Crítica às autoridades

O violento evento climático surpreendeu o governo regional. O serviço meteorológico nacional da Espanha disse que choveu mais em oito horas na cidade valenciana de Chiva do que nos 20 meses anteriores.

Agora, o governo valenciano está sendo criticado por não emitir avisos de enchentes até as 20h na terça-feira, quando algumas partes da região já estavam submersas e horas depois do alerta vermelho da agência meteorológica nacional.

O presidente regional de Valência, Carlos Mazón, defendeu sua administração, dizendo que “todos os nossos supervisores seguiram o protocolo padrão.”

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