Novo premiê da Grécia toma posse e promete ‘levantar a cabeça’ do país
Em breve discurso, o conservador Kyriakos Mitsotakis afirmou estar 'seguro' de que pode acabar com a crise econômica dos últimos dez anos
O conservador Kyriakos Mitsotakis assumiu nesta segunda-feira, 8, o cargo de primeiro-ministro da Grécia, prometendo que o país irá “orgulhosamente reerguer a cabeça” depois de dez anos de crise econômica.
Em uma breve cerimônia no palácio do Presidente da República, o novo premiê, herdeiro de uma tradicional dinastia política grega, fez seu juramento e tomou posse após uma grande vitória eleitoral no domingo. O Partido Nova Democracia (ND), de Mitsotakis, obteve quase 40% dos votos, em comparação a pouco mais de 31% do grupo do atual primeiro-ministro, o socialista Alexis Tsipras.
“O povo grego nos enviou uma mensagem forte para mudar a Grécia”, declarou o líder conservador, de 51 anos. “Agora começa o trabalho difícil, mas estou absolutamente seguro de que estaremos à altura dos acontecimentos”, assegurou.
Mitsotakis governará com maioria absoluta, após obter 158 dos 300 deputados do Parlamento. Sua equipe ministerial será anunciada nas próximas horas e assumirá os postos já na terça-feira 9. O primeiro conselho de ministros acontecerá na quarta-feira 10.
Os conservadores encerram assim quatro anos e meio de governo do Syriza, o partido de esquerda radical liderado por Tsipras, que prometeu permanecer “ativo na oposição” com seus 86 deputados.
Tsipras chegou ao poder em 2015 com a esperança de acabar com as políticas de austeridade, impostas ao país pelos sócios europeus e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), decisões que buscavam remediar a crise da dívida pública que acabou contagiando toda a economia e destruiu 25% do Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia.
O líder de esquerda, porém, esbarrou na realidade e, em uma guinada de 180 graus, negociou no verão daquele ano um novo resgate econômico que resultou em ainda mais sacrifícios: cortes salariais, aumento de impostos, entre outras medidas. Uma mudança que muitos simpatizantes do partido não perdoaram.
Quatro anos depois, Tsipras parece ter retirado o país de um ciclo de resgates, traduzidos em mais de 450 dolorosas reformas em todos os âmbitos do Estado.
Mesmo assim, a economia grega permanece sob vigilância dos sócios e credores. O nível de desemprego continua sendo o maior da Eurozona – 19,2% no primeiro trimestre – e a dívida pública alcançou 180% do PIB, com uma previsão de cair a 167,8% este ano.
Deterioração da capital
As marcas da crise econômica são visíveis na deterioração de vários bairros residenciais da capital grega, Atenas, com uma “fuga” de milhares de jovens universitários para o exterior.
Para tentar frear a evasão da população em idade ativa, Mitsotakis afirmou na semana passada que seu maior objetivo é “assegurar a reativação da economia, com um crescimento ambicioso baseado nos investimentos privados, exportações e inovação”.
O novo premiê também se mostrou otimista quanto à possibilidade de convencer os credores europeus da Grécia sobre a conveniência de reduzir as exigências fiscais, em troca de um “pacote completo de reformas”.
Como parte da promessa de recuperação, o líder conservador quer aprovar uma grande redução de impostos para empresas e imóveis.
Dinastia conservadora
A vitória de Mitsotakis, formado como administrador na Universidade de Harvard e ex-consultor da McKinsey em Londres, marca o retorno de uma dinastia política de conservadores ao poder.
Seu pai, Constantinos, foi primeiro-ministro da Grécia entre 1990 e 1993, sua irmã Dora Bakoyannis teve diversos cargos ministeriais e foi prefeita de Atenas. Desde o mês passado, o filho de Dora e sobrinho de Kyriakos, Kostas Bakoyannis, é o prefeito da capital grega.
O novo primeiro-ministro foi felicitado pelo presidente russo Vladimir Putin, que cultivou boas relações com Tsipras e recordou “as tradições seculares de amizade, proximidade cultural e espiritual” entre os países, que compartilham a religião ortodoxa.
Ele ainda foi felicitado por Jean-Claude Juncker, atual presidente da Comissão Europeia, e pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
(Com Estadão Conteúdo)