Nova York vai às urnas: como funcionam as eleições na maior cidade dos EUA
Votação que elege novo prefeito da principal metrópole americana acontece nesta terça-feira, 4
O futuro da cidade mais populosa dos Estados Unidos será definido nesta terça-feira, 4, quando eleitores vão às urnas para eleger o novo prefeito de Nova York. O pleito, que atrai olhares de todo o mundo, é marcado pelo favoritismo do socialista democrata Zohran Mamdani e pelas ameaças do presidente Donald Trump sobre o resultado da votação.
Três candidatos disputam o comando da cidade de 8,5 milhões de habitantes, conhecida por ser o principal centro financeiro global:
- Zohran Mamdani, deputado estadual e candidato pelo Partido Democrata
- Andrew Cuomo, ex-governador de Nova York e candidato independente
- Curtis Sliwa, ativista e candidato pelo Partido Conservador
Considerada uma cidade de perfil democrata, não é surpresa que as pesquisas apontem um amplo favoritismo de Mamdani na corrida eleitoral, com margens variando entre 5 e 25 pontos para o segundo colocado, Cuomo, que chegou a disputar as eleições primárias do partido e foi derrotado por Mamdani.
Administrar Nova York, uma das principais cidades do mundo, é um desafio. Caso fosse um país, a metrópole seria uma das 20 maiores economias do planeta, com um PIB de 1,3 trilhão de dólares. O novo ocupante da Gracie Mansion — residência oficial do prefeito — terá em suas mãos um orçamento na casa de 115 bilhões de dólares para gerir uma máquina pública com 300 mil funcionários municipais.
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Como funcionam as eleições
Diferente do que ocorre no Brasil, onde um segundo turno é realizado em disputas de cargos executivos de relevância caso não haja vitória por maioria absoluta, o pleito que define o novo prefeito em Nova York acontece uma única rodada. A votação acontece tradicionalmente na primeira terça-feira de novembro, sendo precedida pelas eleições primárias de junho, quando os eleitores selecionam os candidatos ao cargo por cada partido político.
Além do dia oficial, com locais de voto que ficam abertos das 6h às 21h no horário local (8h às 23h no horário de Brasília), os eleitores também têm opções alternativas de voto, como o early voting, que dá a possibilidade de votar antecipadamente em locais definidos pela Comissão Eleitoral da cidade, e o absentee voting, que permite ao eleitor receber uma cédula de votação de maneira prévia, podendo entregá-la pessoalmente ou pelos correios.
Outro ponto de distanciamento com o sistema brasileiro é a velocidade em que os resultados são divulgados. Segundo o Conselho Eleitoral de Nova York, o novo prefeito pode ser anunciado tanto no mesmo dia das eleições gerais quanto semanas após o encerramento da votação. Em eleições com amplo favoritismo, é comum que o público tenha ideia de quem sairá triunfante, mas o resultado oficial pode demorar dias até ser certificado.
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Os candidatos
Zohran Mamdani
Filho de imigrantes, Mamdani nasceu em Uganda e se mudou ainda jovem para os Estados Unidos. Aos 34 anos, ele tem se tornado uma figura de destaque dentro da política americana, sendo visto como uma nova voz dentro de um Partido Democrata que precisava desesperadamente de renovação. É o franco favorito para vencer as eleições.
Socialista autodeclarado, o deputado chama atenção ao falar publicamente sobre islamofobia, se posicionar a favor da Palestina e por ser hábil em se comunicar com uma parcela jovem do eleitorado. No entanto, muitos enxergam Mamdani como radical, e líderes democratas tradicionais, como Barack Obama, evitaram manifestar apoio público ao candidato devido ao receio da possibilidade de que ele rompa com perfil moderado do partido.
Andrew Cuomo
Embora seja membro do partido Democrata, o experiente Cuomo concorre como candidato independente após ser derrotado por Mamdani nas primárias da legenda. Aos 67 anos de idade, ele chega com um currículo longo, tendo sido governador do estado de Nova York entre 2011 e 2021 e secretário de habitação dos Estados Unidos durante o governo de Bill Clinton.
Cuomo ganhou projeção durante a pandemia de Covid-19, quando se destacou a nível internacional por estabelecer uma gestão que se ancorava em dados técnicos — um contraste com as medidas promovidas pelo presidente Trump, então no primeiro mandato. No entanto, sua popularidade desabou após ser acusado de assédio sexual em 2021, um escândalo que levou à sua renúncia como governador. Ele se apresenta como uma alternativa moderada a Mamdani.
Curtis Sliwa
Considerado o azarão na corrida eleitoral, Sliwa é o mais velho entre os candidatos, com 71 anos. Embora seja do partido Republicano, ele não apoia Trump e afirmou, inclusive, não ter votado no presidente nas eleições de 2016 e 2020. É a segunda vez que Sliwa concorre ao cargo, após ter sido derrotado pelo democrata Eric Adams, atual prefeito, em 2021.
O ativista é conhecido por ter criado uma patrulha de voluntários para combater o crime em Nova York na década de 1970. Chamado de Guardian Angels, o grupo se espalhou pelos EUA e por outros países, e tem como marca a tradicional boina vermelha — que já apareceu em imagens de divulgação do republicano. Ele vem ignorando pedidos para sair da disputa e consolidar o apoio a Cuomo, em uma tentativa de firmar uma frente ampla contra Mamdani.
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Relevância nacional
As eleições gerais de Nova York se tornaram uma disputa política a nível nacional neste ano, com críticas duras de Trump a Mamdani, chamado de “comunista” e “radical” pelo presidente. O líder americano também ameaçou cortar os recursos da cidade caso o socialista seja eleito. Muitos republicanos têm tentado atrelar de forma infundada o candidato, que é muçulmano, aos ataques de 11 de setembro.
O jovem candidato também pode impactar o combalido Partido Democrata. Vinculado a uma sigla que apresentava dificuldades dentro do campo digital, Mamdani demonstrou uma grande capacidade de articulação nas redes, além de conseguir um apelo ao público jovem, inclusive conquistando eleitores que não pensavam em ir às urnas. No entanto, ele ainda encontra resistência dentro da ala tradicional da legenda por ser visto como um ator que se distancia do tradicional pragmatismo democrata.
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