Nos EUA, Covid atinge com mais força famílias negras e latinas
Pesquisa mostrou que mesmo com fundo emergencial oferecido pelo governo e auxílio desemprego, maior parte da população ainda sofre para pagar contas
Mais de 60% das famílias com crianças nos Estados Unidos relataram enfrentar sérios problemas financeiros durante a pandemia de coronavírus, de acordo com uma nova pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 30. Entre os mais atingidos pela crise econômica no país estão negros e latinos.
A pesquisa foi elaborada pela rádio NPR em parceria com a organização filantrópica Robert Wood Johnson e a Universidade de Harvard. Entre as famílias latinas entrevistadas, 86% relataram essas dificuldades financeiras. Em lares afroamericanos, 66% disseram passar pelo menos problema. Entre famílias compostas por integrantes brancos, porém, a pandemia atingiu com força por volta de 50%.
A diferença nas taxas evidenciam o abismo de desigualdade social que acomete os Estados Unidos. Mesmo após o investimento de bilhões de dólares do governo federal em auxílios emergenciais e ajuda de custo, algumas parcelas da população ainda sofrem com a crise.
As principais dificuldades citadas pelas famílias estão em pagar as contas médicas, arcar com os gastos de casa e alimentação, além de quitar dívidas de cartão de crédito. Para Robert Blendon, diretor do estudo e professor da Escola de Saúde Pública de Harvard, as revelações foram um choque.
Ainda que soubesse do grande impacto da pandemia do coronavírus na economia, o especialista afirma que esperava obter resultados mais positivos após a intervenção do governo. “Tanto dinheiro foi gasto para colocar uma almofada sob as famílias que as despesas deveriam ter diminuído para todos”, disse ao jornal The New York Times. “O alto número de pessoas com problemas foi um choque”.
A economia dos Estados Unidos se contraiu a um ritmo anual de 4,8% no primeiro trimestre de 2020 devido aos efeitos da pandemia de Covid-19. O país ainda registrou a maior taxa de desemprego em 80 anos – em abril a taxa chegou a 14,7%, o maior nível desde a Grande Depressão.
A pesquisa divulgada nesta quarta entrevistou mais de 3.400 adultos, 1.000 dos quais viviam com crianças menores de 18 anos. Os dados foram coletados entre 1º de julho e 3 de agosto.