Nicarágua anuncia saída da OEA após críticas à reeleição de Ortega
Organização afirma que eleições foram ilegítimas devido à detenção de sete candidatos da oposição, presos antes do pleito sob acusação de 'traição à pátria'
O governo da Nicarágua anunciou nesta sexta-feira, 19, que deu início a um processo para se desvincular da Organização dos Estados Americanos, OEA, após o órgão rejeitar e questionar as eleições vencidas pelo presidente Daniel Ortega.
“A OEA foi concebida como um foro político-diplomático que nasceu por influência dos Estados Unidos como instrumento de ingerência e intervenção”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Denis Moncada. A medida veio após o Parlamento do país pedir para que Ortega refutasse a Carta Democrática da OEA para tirar a Nicarágua do grupo.
Moncada declarou que, com instruções de Ortega, enviou nesta sexta-feira comunicado ao secretário-geral da OEA, Luis Almagro, no qual o governo nicaraguense denuncia a Carta da organização. Com a nota, segundo ele, foi ratificado: “Estamos nos dissociando da OEA”.
Segundo ele, a organização age contra a Nicarágua e “tem como missão facilitar a hegemonia dos Estados Unidos com seu intervencionismo sobre os países da América Latina”.
A organização declarou na semana passada que as eleições no país foram ilegítimas devido à detenção de sete candidatos da oposição, presos antes do pleito sob acusação de “traição à pátria”. Entre eles está a independente Cristiana Chamorro, uma das favoritas nas urnas.
Além disso, três partidos opositores foram dissolvidos, observadores eleitorais foram dispensados, houve desacordos sobre o nível de participação e uma série de leis que restringiam a participação no processo.
Além da OEA, a União Europeia e parte do restante da comunidade internacional também rejeitaram as eleições nicaraguenses.
Ortega, que já havia sido presidente entre 1979 e 1990, foi reeleito para um quarto mandato consecutivo e está no poder do país desde 2007.
Embora a saída da Nicarágua da OEA seja apenas um gesto político, provavelmente o país se tornará ainda mais isolado. Na terça-feira, 16, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, proibiu a entrada de Ortega e da primeira-dama nicaraguense, Rasio Murillo, em solo americano, assim como de uma série de ministros do governo.