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‘Netanyahu sabe que Lula não reflete o Brasil’, diz Marco Feliciano a VEJA

Deputado viajou a Jerusalém com comitiva bolsonarista a convite do governo israelense, em meio a polêmica diplomática com administração petista

Por Amanda Péchy
Atualizado em 8 Maio 2024, 12h14 - Publicado em 21 mar 2024, 15h59

O deputado Marco Feliciano (PL), também fundador e líder da Catedral do Avivamento, uma igreja neopentecostal ligada à Assembleia de Deus, embarcou nesta semana em uma viagem com os governadores Tarcísio de Freitas (PL, São Paulo) e Ronaldo Caiado (União Brasil, Goiás) até Israel. O momento é oportuno para os bolsonaristas: em meio a uma crise diplomática entre Tel Aviv e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), opositores aproveitam para criticar o petista durante evento na cidade de Ra’anana e também em um encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Em entrevista a VEJA, Feliciano afirmou que a visita foi patrocinada pela Embaixada Internacional Cristã de Jerusalém, a convite do próprio governo israelense. Segundo ele, Yossi Shelley, ex-embaixador israelense no Brasil e atual chefe de gabinete de Netanyahu, foi quem organizou o encontro com o premiê.

“Netanyahu nos disse que sabe que as falas de Lula sobre Israel não representam o Brasil. Lula falou besteiras”, afirmou Feliciano a VEJA.

Durante o encontro com o mandatário israelense, o deputado federal disse: “Nós acreditamos em Israel. Nós amamos Israel. E Lula não nos representa”. Em resposta, Netanyahu disse: “Tenho certeza”.

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Ataques a Lula

Em discurso na quarta-feira 20, Tarcísio também disse que a comparação feita por Lula não representa o povo. “A posição do povo brasileiro nada tem a ver com a posição do seu presidente”, afirmou o governador de São Paulo.

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Já Caiado pediu desculpas pela fala de Lula: “Não condiz com o pensamento do brasileiro. É inadmissível, inaceitável que, realmente, um homem que não conhece a história, fazendo um depoimento que agride a todos vocês. Peço desculpas”.

Nesta quinta-feira, a Secretaria de Comunicação do governo Lula disse que os governadores “distorcem” a posição do Brasil. “Lamentamos que governadores no exterior distorçam a posição do Brasil sobre o tema, em momento em que o mundo todo se preocupa com os civis palestinos”, disse a Secom em comunicado.

O texto defende ainda que Lula se referia ao governo de Israel, não ao povo judeu. “(Ações) que também foram criticadas por governos do mundo inteiro, inclusive Europa e Estados Unidos, e que são tema de um processo pela África do Sul em Haia (Corte Internacional de Justiça)“.

Munição para críticas

A viagem ocorre em meio a uma crise diplomática entre Brasil e Israel, desencadeada por uma fala em que Lula comparou as ações militares israelenses contra os palestinos em Gaza ao Holocausto, que matou mais de 6 milhões de judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler. “Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o presidente brasileiro.

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Os opositores de Lula usaram a questão para atacar o governo, saindo em defesa de Israel e criticando o posicionamento do presidente, e ganhou palco até no ato bolsonarista que ocupou a Avenida Paulista, no final de fevereiro.

+ A ira de líderes evangélicos com a fala de Lula sobre Israel

O Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (CIMEB) divulgou na segunda-feira, 19, nota em que repudia a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Israel, pelo conflito com o Hamas. Ele também foi alvo de repúdio formal das bancadas evangélicas da Câmara e do Senado. Para os líderes religiosos que assinam o documento da CIMEB — entre eles Silas Malafaia e Estevam Hernandes — a fala de Lula “envergonha o Brasil diante das nações do mundo”. Os congressistas, por sua vez, adotaram tom mais brando e classificaram as palavras como “mal colocadas” e “desequilibradas”, mas disseram “provocar conflito ideológico desnecessário”. 

“Sabemos que judeus não são cristãos, mas compartilhamos uma afinidade de espírito”, justificou Feliciano.

Briga diplomática com Israel

Em resposta à fala de Lula, o governo israelense declarou o presidente persona non grata e convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, para uma reprimenda.

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“O chanceler israelense, Israel Katz, foi incisivo ao me dizer que Lula continuará persona non grata até que peça desculpas”, disse Feliciano a VEJA.

+ A primeira reunião do fórum de negócios do G20 sob presidência do Brasil

Depois disso, o governo Lula chamou Meyer de volta ao Brasil para “consultas”. O Itamaraty também convocou o embaixador israelense em Brasília, Daniel Zonshine, para comparecer a uma reunião com o chanceler Mauro Vieira.

Katz, depois disso, subiu o tom com Lula em uma série de postagens nas redes sociais e exigiu uma retratação por sua fala, que qualificou como “promíscua, delirante”, além de “um cuspe no rosto dos judeus brasileiros”. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, devolveu: disse que os comentários de Katz foram “inaceitáveis”, “mentirosos” e “vergonhosos para a história diplomática de Israel”.

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