Netanyahu critica abstenção e cancela ida de delegação israelense aos EUA
Decisão de primeiro-ministro israelense foi anunciada depois de aprovação no Conselho de Segurança de resolução que pede trégua em Gaza
Logo após a primeira resolução de cessar-fogo em Gaza ter sido aprovada no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira, 25, que não vai mais enviar uma delegação aos Estados Unidos, já que o país não vetou a proposta durante a reunião. Em um comunicado, o premiê afirmou que a medida é um fracasso de Washington de não bloquear o pedido de trégua, afirmando ser também um “recuo claro” da sua posição anterior, prejudicando os esforços da guerra contra o grupo militante palestino Hamas.
“À luz da mudança na posição americana, o primeiro-ministro Netanyahu decidiu que a delegação não partiria”, disse o seu gabinete.
Nesta segunda, o Conselho de Segurança votou a favor de um cessar-fogo imediato entre Israel e o Hamas, assim como a libertação imediata de todos os reféns. Diferentemente de outras vezes, os EUA não usaram poder de veto, preferindo se abster durante a votação. Entretanto, a Casa Branca informou que a abstenção dos EUA não reflete necessariamente uma mudança na política americana.
A delegação que seria enviada a Washington iria discutir a operação militar israelense em Rafah, cidade no sul de Gaza onde mais de 1,5 milhão de palestinos estão refugiados. Na semana passada, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajou pela sexta vez ao Oriente Médio para tentar negociar uma trégua na guerra e impedir a invasão a Rafah. Apesar dos constantes alertas sobre uma “catástrofe humanitária” caso o ataque seguisse para o sul de Gaza, Netanyahu respondeu que iria atacar a cidade com ou sem o apoio dos EUA.
Em resposta ao primeiro-ministro, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que a decisão é “infeliz” e que os EUA iriam continuar levantando suas preocupações sobre as políticas de Israel como parte das discussões em curso entre os dois governos.
“É decepcionante. Estamos muito desapontados por eles não virem a Washington para nos permitir ter uma conversa com eles sobre alternativas viáveis à entrada em Rafah”, comentou Kirby. “Nada mudou na nossa opinião de que uma grande ofensiva terrestre em Rafah seria um grande erro”, acrescentou.
De acordo com ele, as discussões entre o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, e Blinken cobririam os mesmos pontos que a equipe dos EUA planejava levantar com a delegação. Em Israel, o líder da oposição parlamentar, Yair Lapid, acusou Netanyahu de tentar desviar a atenção de uma ruptura na sua coligação devido a uma lei de recrutamento militar em detrimento dos laços com os EUA.
“É uma irresponsabilidade chocante de um primeiro-ministro que perdeu o controle”, escreveu Lapid na plataforma de mídia social X, antigo Twitter.