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‘O juiz que se recusa a se dobrar a Trump’: Washington Post entrevista Moraes

Ministro do STF garante que julgamento de Bolsonaro está no 'devido processo' e não se intimida com sanções de Trump em entrevista

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 ago 2025, 09h44 - Publicado em 18 ago 2025, 09h25

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou em entrevista ao jornal americano The Washington Post, publicada nesta segunda-feira, 18, que não vai recuar “um milímetro sequer” na investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no julgamento sobre a trama golpista. Alvo de sanções do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o magistrado garantiu que se apoia no “devido processo legal” e afirmou que não se intimidará por ações tomadas contra ele na reportagem intitulada “O juiz que se recusa a se dobrar a Trump”.

“Não há a menor possibilidade de recuar um milímetro sequer. Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido”, disse Moraes ao Post, acrescentando que “este é o devido processo legal” e “179 testemunhas já foram ouvidas”.

Donald Trump, que descreveu o julgamento contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e os inquéritos das fake news e das milícias digitais, coordenados por Moraes no STF, como um ataque à liberdade de expressão, voltou toda a força do poder econômico e diplomático dos Estados Unidos contra o Brasil.

Além de impor uma sobretaxa de 50%, a maior dentro do “tarifaço”, sobre produtos brasileiros, seu governo revogou o visto americano de Moraes e, no final do mês passado, o Departamento do Tesouro tomou a medida extraordinária de sancioná-lo com base na Lei Magnitsky, tradicionalmente usada contra acusados de abusos “graves” de direitos humanos. As punições incluem o bloqueio de bens e contas no país, bem como a proibição do uso de cartões de crédito com bandeiras americanas e do acesso a qualquer operação que envolva o sistema financeiro dos Estados Unidos, como transações em dólar.

Na entrevista ao Post, o magistrado reconheceu que “claro que não é agradável” passar por isso, mas sublinhou que não será acuado. “Enquanto houver necessidade, a investigação continuará”, declarou. Ele também afirmou que o Brasil foi infectado pela “doença” da autocracia e que sua função era aplicar a “vacina”.

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“Eu entendo que para uma cultura americana é mais difícil entender a fragilidade da democracia porque nunca houve um golpe lá”, disse o ministro. “Mas o Brasil teve anos de ditadura sob (o presidente Getúlio) Vargas, outros 20 anos de ditadura militar e inúmeras tentativas de golpe. Quando você é muito mais atacado por uma doença, forma anticorpos mais fortes e busca uma vacina preventiva.”

Poder demais?

A reportagem do Post também se concentrou nos poderes extraordinários de Moraes. Ao contrário da Suprema Corte dos Estados Unidos, que apenas julga, o STF brasileiro tem poderes para conduzir investigações e tem a Polícia Federal à sua disposição. De acordo com o jornal, à medida que sua investigação sobre o inquérito das fake news se aprofundava, seu poder também cresceu, já que o sistema judiciário brasileiro costuma agrupar casos semelhantes sob a tutela de um único juiz. Ele virou um “xerife da democracia”, segundo a publicação.

Moraes logo se tornou responsável por praticamente todos os inquéritos sobre ataques à ordem democrática por Bolsonaro e seus apoiadores. Posteriormente, tornou-se presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde supervisionou os procedimentos que tornaram o ex-presidente inelegível até 2030. Assumiu então o comando da investigação que culminou, no ano passado, em alegações de que Bolsonaro conspirou para continuar na Presidência após a derrota eleitoral por meio de um golpe e assassinar seus rivais políticos, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio Moraes.

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O Post entrevistou doze amigos e colegas do ministro do STF, passados e presentes, muitos dos quais pediram para ter as identidades preservadas para discutir assuntos delicados. De acordo com a reportagem, nenhum dos amigos e colegas do juiz demonstrou surpresa com a forma como ele exerceu sua crescente influência, descrevendo-o como “inflexível, agressivo e propenso a demonstrações de poder bruto”.

Moraes, porém, descartou a ideia de que tem poder demais. Ele disse que seus colegas do STF revisaram mais de 700 de suas decisões após recursos. “Sabem quantas eu perdi? Nenhuma”, afirmou.

Relação Brasil-EUA

Em meio ao julgamento de Bolsonaro e as reações de Trump, o ministro do STF virou saco de pancadas da direita trumpista. “Juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal”, definiu o Secretário do Tesouro, Scott Bessent. “A face mundial da censura judicial”, nas palavras do Secretário de Estado Adjunto, Christopher Landau.

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Moraes, por sua vez, disse que sempre buscou inspiração na história da governança americana, com especial apreço pelas obras de John Jay, Thomas Jefferson e James Madison. “Todo constitucionalista tem grande admiração pelos Estados Unidos”, disse o juiz ao Post.

Sobre a relação entre o Brasil e os Estados Unidos, ele afirmou que enxerga duas nações amigas com um crescente abismo “temporário”, impulsionado pela divisão política e p0r informações falsas. Ele destacou o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) como um motor desse afastamento. Com financiamento do pai, o deputado federal conduziu uma campanha diplomática contra o governo brasileiro, incentivando as hostilidades dos Estados Unidos contra a economia do Brasil e as sanções contra Moraes.

“Essas narrativas falsas acabaram envenenando o relacionamento — narrativas falsas apoiadas pela desinformação disseminada por essas pessoas nas redes sociais”, disse Moraes. “Então, o que precisamos fazer, e o que o Brasil está fazendo, é esclarecer as coisas.”

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