Nações árabes acusam Israel de ‘punição coletiva’ contra palestinos
Em declaração conjunta ao Conselho de Segurança da ONU, nove países – inclusive aliados de Tel Aviv – criticam morte de civis em Gaza
Os ministros das Relações Exteriores de nove países árabes emitiram nesta quinta-feira, 26, uma declaração conjunta ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, em que criticam a morte de civis na Faixa de Gaza em meio aos bombardeios de Israel contra o grupo terrorista palestino Hamas, caracterizando a ação como uma forma de “punição coletiva”.
No texto, as nações também apelaram ao Conselho de Segurança para implementar um cessar-fogo imediato em Gaza. Nesta quinta-feira, uma sessão de emergência da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, deve votar uma resolução a respeito do conflito entre Israel e Hamas pedindo a suspensão dos ataques para atender à catástrofe humanitária que se desenrola no enclave palestino – proposta que Tel Aviv já rejeitou.
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A declaração inclui as assinaturas dos Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Bahrein, Arábia Saudita, Omã, Catar, Kuwait, Egito e Marrocos. A nota imputa Israel pela morte de civis na Faixa de Gaza, argumentando que “a autodefesa não justifica violações do direito internacional e o desrespeito deliberado pelos direitos legítimos do povo palestino.”
As nações condenam também o deslocamento de palestinos – segundo as Nações Unidas, mais de 600 mil deixaram suas casas depois que Tel Aviv orientou que abandonassem a região norte da Faixa de Gaza, em preparação para uma invasão terrestre do local –, e acusam Israel de implementar “punições coletivas” contra o povo palestino.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, mais de 7 mil palestinos morreram desde que começaram os ataques aéreos em 7 de outubro, uma resposta ao brutal ataque dos terroristas contra Israel, que matou 1.400. Os dados, porém, não puderam ser verificados por órgãos independentes.
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Nos últimos anos, Israel e alguns países árabes, antes inimigos declarados, normalizaram as relações diplomáticas, numa iniciativa conhecida como acordos de Abraão, em grande parte mediados pelo governo do ex-presidente americano Donald Trump.
Na lista, estão inclusos Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos. Antes de eclodir o novo conflito no Oriente Médio, o governo do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, estava costurando a retomada de diálogo também com a Arábia Saudita.
Que quatro dos países árabes dispostos a entender-se com Israel tenham assinado a declaração conjunta para condenar suas ações em Gaza é entendido como um forte sinal político negativo.