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Na guerra Israel-Hamas, Brasil coloca em ação a diplomacia de resultados

Desde o início do conflito, mais de 1 100 cidadãos voltaram para casa em seis voos

Por Victoria Bechara Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h18 - Publicado em 20 out 2023, 06h00

O presidente Lula, sempre que pode, brada aos quatro cantos do mundo que reconquistará o espaço do Brasil no cenário internacional, em retórica exagerada. No campo da realidade, o maior feito nacional até agora nessa área foi conquistado à base de um trabalho bem mais discreto. Sem fazer qualquer alarde, o Ministério das Relações Exteriores, comandado por Mauro Vieira, realizou a impressionante missão de resgate de brasileiros da área de conflito, tendo como braço direito nesse feito o apoio imprescindível da Força Aérea Brasileira. Apenas três dias depois do início da guerra, o primeiro avião da FAB enviado pelo governo federal pousou em Tel Aviv para tirar de lá as primeiras 200 pessoas. Desde então, mais de 1 100 cidadãos voltaram para casa em seis voos.

Para dar conta de tamanha operação num prazo exíguo de tempo e em condições diplomáticas tensas, o ministro Vieira equilibrou-se na neutralidade, de forma a manter todos os canais de diálogo possíveis. Além disso, criou um gabinete de crise responsável por organizar uma lista de passageiros, providenciar transporte e enviar ajuda humanitária e financeira para os que estão em Gaza. “Tudo que a gente precisava fazer foi feito, tanto na questão humanitária e logística quanto na presidência do Conselho de Segurança da ONU”, elogia Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington.

A comparação inevitável é com o Itamaraty dos tempos de Jair Bolsonaro. Chefe da pasta à época, Ernesto Araújo provocou crises diplomáticas com a China, um dos nossos principais parceiros comerciais. Não por acaso, o resgate de brasileiros que estavam em Wuhan durante a pandemia de Covid-19 foi feito aos trancos e barrancos. Bolsonaro chegou a dizer que o voo custava muito caro. Depois, enviou quatro aviões para buscar apenas 34 pessoas, sob o slogan ufanista de “Regresso à Pátria Amada Brasil”. Felizmente, como ficou claro na recente operação de resgate de centenas de brasileiros no Oriente Médio, o Itamaraty voltou para as mãos de quem entende do riscado.

Publicado em VEJA de 20 de outubro de 2023, edição nº 2864

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