Mugabe receberá pensão generosa após deixar o poder no Zimbábue
Regalias serão bancadas pelos cofres públicos e incluem pensão, carros de luxo, equipe de 25 funcionários e viagens internacionais na primeira classe
Robert Mugabe, o ex-presidente do Zimbábue que resistiu a deixar o cargo após 37 anos no poder, receberá um generoso pacote de aposentadoria segundo o jornal local The Herald.
Conhecido por seu estilo de vida luxuoso, Mugabe terá direito a uma equipe de 25 funcionários, composta de motoristas, garçons, secretárias, faxineiras e seis guarda-costas.
Junto com sua segunda esposa, Grace Mugabe, e seus três filhos, o ex-presidente receberá uma pensão mensal para cobrir as despesas de uma residência mobiliada que “deverá ter até cinco quartos, além de três quartos de hóspedes” em um bairro da capital Harare a sua escolha.
Ele também ganhará três carros: uma Mercedes Benz S500 ou “um sedã de categoria equivalente”, uma perua adaptada para qualquer tipo de terreno e uma van. Os veículos deverão ser trocados a cada cinco anos e o combustível será fornecido sem custos para a família.
Na última semana, o atual presidente Emmerson Mnangagwa criou indiretamente outros benefícios. Em um decreto, ele determinou que ex-presidentes que cumpriram ao menos um mandato inteiro — requisitos que apenas Mugabe possui — têm direito a seguro saúde, passaportes diplomáticos e quatro viagens internacionais com bilhetes de primeira-classe por ano.
Segundo o jornal britânico Daily Mail, as regalias, que serão bancadas pelos cofres públicos, foram duramente criticadas em todo o Zimbábue.
O país já foi considerado “a galinha dos ovos de ouro” da África e teve os melhores índices de educação do continente antes de passar pela atual crise econômica que foi agravada pelas decisões políticas de Mugabe.
Renúncia
O pacote de aposentadoria faz parte das negociações com Mnangagwa, que assumiu a presidência após Mugabe concordar em renunciar — não sem antes pedir mesadas generosas e garantias de segurança para si e para sua família.
Mnangagwa era vice-presidente de Mugabe e foi seu braço-direito durante muitos anos, principalmente no início do governo. Uma crise política se iniciou quando Mugabe demitiu Mnangagwa, que fugiu para a África do Sul. A acusação era que de Mugabe havia demitido seu vice para que sua esposa, Grace, pudesse ocupar a presidência.
Grace é conhecida por seu estilo extravagante — ela teria gasto mais de 100 mil dólares em uma maratona de compras em Paris.
A demissão levou o Exército a tomar o poder e condenar Mugabe a prisão domiciliar. O general Constantino Chiwenga, que liderou a atuação das forças armadas durante a crise política, tomou posse na última quinta como vice-presidente.
De seu exílio, Mnangagwa emitiu uma carta pedindo a renúncia do então presidente e convidando a população a pedir o mesmo. Seu partido, que foi fundado por Mugabe, também aconselhou a renúncia, caso contrário seria aberto um processo de impeachment. Mugabe inicialmente se recusou a renunciar.