Mortes por onda de calor na Espanha ultrapassam 1.100 em dois meses, diz governo
Com termômetros acima de 40ºC e um alguns dos meses mais quentes da história, país viu alta de 1000% nos óbitos na comparação com 2024

O calor extremo do verão europeu causou 1.180 mortes na Espanha ao longo dos últimos dois meses, segundo informações divulgadas nesta segunda-feira, 14, pelo Ministério do Meio Ambiente do país. A maioria das vítimas tinha idade superior a 65 anos e mais de 50% eram mulheres.
Os dados, que cobrem o intervalo entre 16 de maio e 13 de junho, apontam uma disparada de mais de 1000% no número de vítimas na comparação com o mesmo período do ano passado, quando setenta pessoas vieram a óbito.
De acordo com o ministério, os números apontam para um evento “de intensidade excepcional, caracterizado por um aumento sem precedentes nas temperaturas médias e um aumento significativo na mortalidade atribuível às ondas de calor”.
No período analisado pelo estudo, que foi conduzido pelo Instituto de Saúde Carlos III, houve 76 alertas vermelhos para calor extremo. Em 2024, nenhum alerta vermelho, o mais alto grau na escala, foi emitido dentro do mesmo intervalo de tempo.
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Verão abrasante
A Espanha foi afetada por altas temperaturas nas últimas semanas, com termômetros frequentemente ultrapassando os 40ºC, uma situação semelhante a relatada em outros países da Europa Ocidental. Trata-se da primeira grande onda de calor do verão europeu, que associada a sistemas de alta pressão, empurra um ar quente para baixo, numa confusão atmosférica agravada pelas mudanças climáticas.
Como consequência, o país registrou o mês de junho mais quente de sua história. A cidade de El Granado marcou o pico das temperaturas no país, com os termômetros indicando 46º.
Globalmente, o mês passado foi o terceiro junho mais quente da história — atrás apenas dos de 2023 e 2024 –, segundo o observatório europeu Copernicus, que monitora alterações no clima.
A temperatura no planeta ficou 1,30 °C acima da média do período pré-industrial (1850–1900), e a média mundial do ar atingiu 16,46 °C. O dado é particularmente alarmante porque, apesar de ter ficado abaixo do limite de 1,5 °C estabelecido pelo Acordo de Paris, o mês ainda mostrou sinais claros da aceleração do aquecimento global – que, de acordo com cientistas, aumenta a intensidade e frequência de eventos climáticos extremos.
O observatório também chamou atenção para a combinação de extremos registrada nos hemisférios sul e norte. Enquanto Espanha, França e Itália enfrentavam calor acima da média, regiões como Argentina e Chile foram afetadas por um frio fora do comum para a época. Partes da Índia e da Antártica Oriental também tiveram temperaturas abaixo do esperado.