Mortes por coronavírus sobem para 910 e infecções passam de 40 mil
Número supera o balanço da SARS, doença que matou 774 pessoas em todo o mundo entre 2002 e 2003
O novo coronavírus matou 908 pessoas na China continental (910 no total), onde o número de contágios passou de 40.000, informaram as autoridades nesta segunda-feira, 10, (noite de domingo, 9, no Brasil), confirmando que a progressão da epidemia se estabiliza.
O vírus 2019-nCoV, que apareceu em dezembro em um mercado em Wuhan (centro da China), matou 97 pessoas no país neste domingo, sendo 91 na província de Hubei, a mais castigada pelo surto, elevando o total de vítimas fatais a 908 em todo o país.
Às mortes na China continental, que impôs uma quarentena a parte de seu território, se acrescenta uma em Hong Kong e outra nas Filipinas.
A cifra mundial de 910 mortes supera o balanço da Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS), que matou 774 pessoas em todo o mundo em 2002-2003.
No sábado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia informado que o número de casos de contaminação diária na China tinha se estabilizado, mas que era cedo demais para afirmar que a epidemia tinha superado o seu auge.
Uma “missão internacional” de especialistas partiu para a China na noite deste domingo, anunciou o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. À frente da missão está Bruce Aylward, que esteve à frente de outras emergências sanitárias internacionais.
Estabilidade
“Registramos um período de estabilidade de quatro dias, em que o número de casos relatados não aumentou. Isso é uma boa notícia e pode refletir o impacto das medidas de controle implementadas”, afirmou o responsável dos programas sanitários de emergência da OMS, Michael Ryan.
Com as mais de 3.000 novas infecções, agora há 40.171 casos confirmados do novo coronavírus em toda a China, em comparação com os 2.600 da véspera.
Para o cientista americano Ian Lipkin, da Universidade Columbia, a epidemia pode atingir seu pico nas próximas duas semanas antes de retroceder acentuadamente, embora se espere um aumento pontual quando as pessoas retomarem maciçamente a atividade laboral.
Por outro lado, o Banco Central chinês (PBOC) anunciou neste domingo que destinará 43 bilhões de dólares para ajudar empresas implicadas no combate à epidemia.
Propagação mundial
A epidemia continua a se espalhar pelo mundo. Mais de 320 casos de contaminação foram confirmados em cerca de trinta países e territórios. Cinco novos casos (quatro adultos e uma criança, todos de nacionalidade britânica) foram anunciados na França no sábado, elevando para 11 o total no país.
Na própria China, a morte na sexta-feira de um jovem médico que havia sido repreendido por ter dado o alerta no final de dezembro continuava causando polêmica, em um país onde as informações são rigorosamente controladas.
O médico, que morreu vítima do novo coronavírus, agora é um mártir diante de autoridades locais acusadas de esconder o início da epidemia.
Intelectuais divulgaram pelo menos duas cartas abertas que circulam nas redes sociais desde a morte do doutor Li Wenliang em um hospital em Wuhan.
“Chega de restringir a liberdade de expressão”, pedem dez professores de Wuhan, em uma carta que foi posteriormente apagada da rede social Weibo.
“As autoridades centrais estão determinadas a chegar à verdade e descobrir os responsáveis” pelas sanções ao doutor Li, reportou o jornal oficial em inglês China Daily.
Outra carta de ex-alunos anônimos da prestigiada Universidade Tsinghua, em Pequim, pede ao Partido Comunista Chinês (PCC) que pare de fazer da “segurança política a única prioridade”.
O regime comunista reagiu anunciando na sexta-feira o envio de uma comissão de inquérito a Wuhan.
Além da região de Wuhan, isolada do resto do mundo desde 23 de janeiro, medidas de confinamento continuam sendo estritas em várias cidades, onde dezenas de milhões de pessoas estão trancadas em casa.
Voos suspensos
Em Hong Kong, os 1.800 turistas confinados em um transatlântico há cinco dias foram autorizados a desembarcar neste domingo, depois que os 1.800 tripulantes testaram negativos para o vírus.
As autoridades temiam que alguns tripulantes tivessem contraído o vírus de uma viagem anterior.
Por outro lado, seis passageiros do navio de cruzeiro Diamond Princess, que está em frente à costa japonesa, contraíram o vírus, elevando o total de pessoas doentes a bordo a 70 neste domingo.
Outros países estão fortalecendo suas medidas de segurança e a maioria das companhias aéreas internacionais suspenderam seus voos à China continental.
Por fim, os 34 brasileiros repatriados da cidade de Wuhan chegaram este domingo à base aérea de Anápolis, perto de Brasília, onde foram postos em quarentena.
As duas aeronaves pousaram por volta das 6h, informou no Twitter a Força Aérea Brasileira (FAB).
(com AFP)