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‘Monge CEO’ do famoso Templo Shaolin é destituído por peculato e escândalo sexual

Shi Yongxin era abade do monastério chinês desde 1999. Ele ficou famoso por tentar capitalizar em cima da fama do local, berço do Kung Fu

Por Flávio Monteiro
28 jul 2025, 10h34 •

Abade Shi Yongxin (à direita, vestido em laranja) durante cerimônia do Templo Shaolin (Ren Hongbing/VCG/Getty Images)

O abade chinês Shi Yongxin, responsável pelo famoso Templo Shaolin e conhecido como “monge CEO” por capitalizar a fama do local, foi destituído do cargo devido a uma investigação por peculato, relações “impróprias” com mulheres e por ter gerado filhos “ilegítimos”. A ação foi confirmada pela Associação Budista da China, principal autoridade da religião no país, nesta segunda-feira, 28.

Em nota, a entidade afirmou que os comportamentos de Yongxin “são extremamente deploráveis por natureza, prejudicaram seriamente a reputação da comunidade budista e mancharam a imagem dos monges”. Segundo as autoridades, ele teria desviado fundos pertencentes ao templo.

Yongxin era abade do Templo Shaolin desde 1999. Em comunicado no domingo 27, o templo declarou que ele “violou gravemente os preceitos budistas, manteve relacionamentos impróprios com várias mulheres por um longo período de tempo” e é suspeito de “apropriação indébita e desvio de fundos e de bens do templo”.

A trajetória do “monge CEO”

Anteriormente chamado de Liu Yingcheng, o abade Yongxin se tornou monge em 1981. Ele passou a supervisionar o Templo Shaolin em 1987, e após sua elevação a abade sete anos depois, passou a tentar capitalizar a fama do local, conhecido por ser o berço do Kung Fu, ao longo de seu mandato. Ele ficou conhecido como “monge CEO” devido às ambições comerciais que apresentou ao longo de sua trajetória.

Em 2008, o monastério chegou a abrir uma loja online, comercializando produtos como sapatos, camisetas, chá e até um manual de instruções de Kung Fu. Outros empreendimentos levados a cabo pelo abade incluem a publicação de livros, medicina, apresentações da arte marcial e produção cinematográfica.

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Yongxin foi vice-chefe da associação budista da China e tinha uma conta com mais de 882 mil seguidores no Weibo, uma famosa rede social chinesa, onde fazia postagens diárias. Além disso, ele foi delegado do parlamento chinês por duas décadas, encerrando sua passagem pelo Congresso Nacional do Povo em 2018. Ele já havia sido alvo de acusações de má conduta e relações sexuais indevidas a partir da circulação de uma carta no começo deste ano – na época, o Templo Shaolin negou todas as acusações.

Meca do Kung Fu

Localizado no sopé do Pico Wuru da cordilheira Songshan, o Templo Shaolin de Henan é conhecido mundialmente como berço do Budismo Chan e do Kung Fu Shaolin.

Com 1.500 anos de idade, o local virou um símbolo da arte marcial, sendo representado em diferentes obras da cultura pop, com destaque para filmes de ação de Hong Kong como Os Cinco Mestres Shaolin, de 1974, e O Templo Shaolin, de 1976.