Milhares de judeus marcham em Auschwitz em memória ao Holocausto
Multidão caminhou rumo aos crematórios do antigo campo de concentração, onde foram prestadas homenagens aos mortos pelos nazistas na Segunda Guerra
Milhares de judeus se uniram a sobreviventes do Holocausto para uma marcha em Auschwitz, antigo campo de concentração na Polônia, no Dia da Memória do Holocausto, nesta segunda-feira, 6. A manifestação faz parte da Marcha da Vida, programa educacional que visita anualmente territórios poloneses, israelenses e alemães. A multidão caminhou por três quilômetros rumo aos crematórios do campo, onde foram prestadas homenagens aos mortos pelo regime nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Além das câmaras de gás, muitas das vítimas morreram em decorrência da fome, do frio e da disseminação de doenças — a desnutrição enfraquece o sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade a infecções. Apenas na Polônia cerca de 3,2 milhões de judeus foram mortos, número que engloba os 1,1 milhão apenas no campo de Auschwitz. Ao todo, o regime nazista foi responsável pela morte de mais de 6 milhões de judeus.
Em janeiro, a Conferência sobre Reivindicações Materiais Judaicas Contra a Alemanha estimou que são 245 mil sobreviventes do Holocausto, espalhados em mais de 90 países. Quase metade vive em Israel, 18% estão na Europa Ocidental e cerca de 16% moram nos Estados Unidos. No Brasil, estão 300 sobreviventes — no somatório da América do Sul e do Caribe, são cerca de 700.
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7 de outubro
Para parte dos manifestantes, a participação na marcha deste ano assume maior importância em razão dos ataques do grupo palestino radical Hamas, em 7 de outubro. A operação dos militantes resultou na morte de 1,200 israelenses e numa onda de antissemitismo ao redor do mundo, bem como de islamofobia. A resposta das Forças de Defesa de Israel (FDI) foi implacável, somando mais de 34 mil vítimas palestinas.
“Antes de 7 de outubro, acredito que o pior evento da história da humanidade aconteceu neste terreno. Que este lugar, a própria palavra Auschwitz, fala muito em uma palavra sobre medo, morte, destruição, aniquilação”, disse o presidente da marcha, Phyllis Greenberg Heideman, no evento.
“E então chegou o dia 7 de outubro, e talvez tenhamos que chegar como povo à conclusão de que talvez, de certa forma, o Shoah [Holocausto] ainda não tenha terminado para nós. Não é uma competição, certamente não é uma comparação, é um continuum”, acrescentou.
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Ajuda da IA
Pesquisadores israelenses do Centro Mundial de Memória do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, recorreram à inteligência artificial (IA) para tentar identificar judeus mortos na Segunda Guerra cujos nomes não aparecem em registros oficiais. A tarefa hercúlea inclui a vinculação indivíduos a datas e familiares. No sistema desenvolvido, os registros podem ser analisados em inglês, hebraico, alemão, russo e outros idiomas.
Em preparação para a data, a equipe tem trabalhado intensamente nas buscas por detalhes de vítimas. Para isso, eles desenvolveram o próprio software baseado em IA. Ao longo dos anos, voluntários localizaram informações sobre 4,9 milhões de pessoas através de declarações e documentos, além de verificações de filmagens e outros registros.