Milei volta a atacar Lula antes de visitar Bolsonaro: ‘Dinossauro idiota’
Presidente argentino, que participará de encontro conservador em Balneário Camboriú, defendeu ter chamado petista de 'corrupto'
O presidente da Argentina, Javier Milei, reiterou as críticas ao seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira, 2, ao chamá-lo de “perfeito dinossauro idiota”, aumentando o tom do confronto público entre o ultraliberal e o esquerdista antes de uma viagem ao Brasil. Espera-se que Milei tenha uma reunião bilateral com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no próximo sábado, 6, às margens de um fórum conservador em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
Em postagem intitulada “Dinossauro perfeitamente idiota”, Milei defendeu suas críticas anteriores a Lula, a quem voltou a chamar de “corrupto” e “comunista”. Ele também acusou o petista de “interferência” na corrida presidencial argentina de 2023. O argentino, porém, não especificou o nome a quem se refere como dinossauro.
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Na semana passada, Lula disse acreditar que Milei deve a ele e aos brasileiros um pedido de desculpas por ter dito “um monte de coisas estúpidas” sobre o Brasil, principal parceiro comercial da Argentina.
Reunião com Bolsonaro
A guerra de palavras surge antes de uma viagem de Milei para o Brasil, para participar da Conferência Política de Ação Conservadora (CPCAC), a convite da família Bolsonaro. O evento é uma outra edição daquele ao qual o mandatário argentino compareceu, em fevereiro, nos Estados Unidos, quando se encontrou com o ex-líder americano Donald Trump, a quem desejou vitória na atual eleição presidencial.
A participação de Milei na conferência foi confirmada pelo porta-voz presidencial, Manuel Adorni. A sua presença no fórum conservador se contrapõe com a ausência prevista na Cúpula do Mercosul, no dia 8 de julho, em Assunção, no Paraguai. Eduardo Bolsonaro escreveu na plataforma X, antigo Twitter, que Milei fará uma reunião bilateral com o ex-presidente, Jair Bolsonaro. Já Lula nunca se encontrou diretamente com o presidente da Argentina.
🇦🇷Falei agora com o Presidente da Argentina @JMilei que confirmou a vinda ao CPAC Brasil @cpacbrasil , que ocorrerá no Expo Centro de Balneário Camboriu-SC, 6 e 7/JUL.
Trata-se do maior encontro de conservadores de toda a história da Am. Latina.
Além de palestrar ele também… pic.twitter.com/25rUQ7lT6I
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) July 1, 2024
Durantes as eleições presidenciais argentinas, a família Bolsonaro apoiou a candidatura de Milei, com quem também manteve reuniões presenciais e virtuais no período. Além disso, o mandatário argentino também convidou Jair Bolsonaro para sua cerimônia de posse. Enquanto isso, Lula apoiou o ex-ministro da Economia, o peronista Sergio Massa, no pleito e não compareceu à posse de Milei.
Relações prejudicadas
Depois de uma melhora de relacionamento entre Brasil e Argentina, o encontro de Milei com Bolsonaro e a ausência do mandatário na cúpula do Mercosul podem representar uma piora das relações bilaterais entre os dois países.
Em uma declaração em entrevista ao UOL sobre a repatriação de 180 brasileiros foragidos por envolvimento nos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023, Lula afirmou que tenta lidar com a situação da “forma mais diplomática possível”, mas que ainda não tinha conversado com Milei porque ele deveria pedir “desculpas ao Brasil e a mim”.
Em resposta, o argentino se recusou a pedir perdão ao homólogo brasileiro e o descreveu como um “canhoto” com “ego inflado”. O imbróglio ocorreu após a Polícia Federal pedir a extradição de foragidos do ataque de 8 de Janeiro que pediram asilo político à Argentina.
Outras recentes críticas de Milei a variados líderes colocaram-no em maus lençóis, incluindo uma briga pública com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, e o presidente boliviano, Luis Arce.
Na mesma postagem no X nesta terça-feira, Milei afirmou que uma tentativa de golpe na semana passada na Bolívia foi uma “fraude”, repetindo comentários recentes de seu gabinete que levaram o governo da Bolívia a chamar o embaixador argentino para uma reprimenda.