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Milei nega envolvimento em escândalo de criptomoeda, mas levanta nova polêmica

Presidente argentino promoveu ativo $LIBRA no X como um 'projeto privado'; estima-se que 44 mil pessoas foram afetadas

Por Paula Freitas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 fev 2025, 13h21 - Publicado em 18 fev 2025, 12h13

O presidente da Argentina, Javier Milei, negou, nesta segunda-feira 17, qualquer responsabilidade no escândalo de fraude relacionado à divulgação da criptomoeda $LIBRA. Em entrevista ao canal argentino TN, Milei foi confrontado a respeito de 44.000 pessoas terem comprado o ativo após sua indicação, mas rejeitou os números e disse que “havia muitos bots” entre os usuários e que “no máximo 5.000 pessoas”, em maioria chineses e americanos, teriam caído no esquema. 

“Eu não promovi, eu espalhei. Não é a mesma coisa”, argumentou Milei. “Achei que era uma ferramenta interessante para ajudar pessoas que, de outra forma, não teriam acesso (ao crédito)“.

Na semana passada, o líder ultraliberal promoveu o ativo no X, antigo Twitter, como um “projeto privado” que visava “incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos”. Após o selo de qualidade de Milei, o ativo registrou alta e chegou a atingir 4.978 dólares (cerca de 28.512 reais). Em meio à rápida valorização, investidores que haviam comprado a moeda antes da divulgação do presidente argentino passaram a vendê-la, dando início à polêmica.

Pouco depois, Milei apagou a publicação e, num novo post, alegou que “não estava ciente dos detalhes do projeto” e que “depois de tomar conhecimento, decidiu não continuar difundindo”. No trading digital, a manobra é conhecida como “rug pull”, ou “puxada de tapete”, e consiste em levantar ativos anunciando um token, como a $LIBRA, e encerrar abruptamente o projeto, gerando prejuízos a quem investiu no ativo.

Na entrevista, ele alegou que não recebeu dinheiro para promover a criptomoeda no X, acrescentando: “Por tentar dar uma mão para esses argentinos, tomei um tapa”. Numa espécie de autocrítica, Milei disse que precisava “levantar os filtros” para que não seja “tão fácil” chegar a ele. O presidente amenizou o escândalo e afirmou que havia divulgado a $LIBRA por ser “um tecno-otimista”.

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“Conhecendo os limites que o mercado de crédito tem para as pessoas que estão no setor informal, para as pessoas que lavam [dinheiro ilegal] o mínimo necessário, que não conseguem construir uma carteira de crédito, e dadas as restrições da Argentina por não ter um mercado de capitais, alguém que venha até mim e proponha criar um instrumento para financiar projetos argentinos, me parece interessante”, explicou. 

Além disso, Milei declarou que tinha “sérias dúvidas” de que argentinos tinham perdido dinheiro e que, se fosse o caso, “não seriam mais do que cinco”. Ele também comparou a situação com a perda de dinheiro por apostadores em cassinos, questionando: “Se você vai ao cassino e perde dinheiro, qual é a reclamação se você sabe que o cassino tem essas características?”.

“Aqueles que participaram o fizeram voluntariamente. É um problema entre particulares, porque o Estado não tem nenhum papel aqui”, concluiu.

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+ Milei vira alvo de investigação por fraude após promover criptomoeda

Entrevista controversa

O bate-papo, que buscava tranquilizar os argentinos, acabou por levantar uma nova polêmica. O vídeo da entrevista na íntegra foi vazado nas redes sociais e mostra uma intervenção do principal assessor de Milei, Santiago Caputo, nas perguntas do jornalista. O entrevistador sobe o tom e diz que, embora argumente que recomendou a criptomoeda como cidadão, Milei ocupa o cargo de presidente.

“Volto à $LIBRA para fechar. A juíza que vai investigar é (Maria) Servini. O Estado vai fazer uma apresentação espontânea? O senhor vai depor? O advogado do Estado?”, questiona o jornalista.

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“A verdade é que os temas jurídicos não são meus. Seria imprudente da minha parte que lhe antecipe isso. Dito isso, quem seguramente entende melhor é o nosso ministro da Justiça, Mariano Cuneo Libarona”, responde Milei.

O repórter continua, perguntando se o ministro seguirá “toda a estratégia judicial”, e Milei diz que Libarona “que entende desse tema”. O jornalista ressalta que é uma questão na qual Milei “participou como cidadão, além de presidente”. O ultraconservador destaca que publicou as informações da sua conta pessoal. Eles entram em um debate, sem que haja sinal de trégua de um dos lados.

Caputo, então, intervém e ordena que o jornalista “comece com a pergunta de novo”, ao passo que o entrevistador concorda, já que pode trazer uma “confusão judicial”, e cita o “impeachment” — o bloco de oposição entrou com um pedido contra Milei nesta segunda-feira. Milei é orientado, e a conversa continua, em um novo tom.

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