Milei e Trump iniciam processo que isentará argentinos de visto para entrada nos EUA
Presidente da Argentina recebeu secretária de Segurança Interna americana, Kristi Noem, em Buenos Aires
O projeto para restaurar as “relações carnais” entre a Argentina e os Estados Unidos que Javier Milei prometeu executar teve novo desenvolvimento na segunda-feira 28, quando o presidente ultraliberal recebeu Kristi Noem, secretária de Segurança Interna americana, na Casa Rosada para iniciar o processo que isentará argentinos de visto para entrar no país de Donald Trump.
Desde que assumiu o cargo, em dezembro de 2023, o líder da Argentina apostou num alinhamento geopolítico incondicional com os Estados Unidos e Israel, que só fez intensificar com a volta do aliado à Casa Branca.
“O início deste processo é uma demonstração clara da excelente relação (entre Milei e Trump), baseada na confiança que existe entre ambos os líderes”, comemorou o governo argentino em comunicado.
Noem retribuiu o apoio em declaração oficial divulgado após a reunião: “Sob a liderança do presidente Javier Milei, a Argentina se consolida como uma aliada ainda mais forte dos Estados Unidos, com um compromisso maior do que nunca com a segurança das fronteiras de ambas as nações.”
Programa de Isenção de Vistos
O acordo assinado por Milei e Noem, autoridade conhecida pela postura linha-duríssima contra a imigração, consiste num pedido de adesão, por parte da Argentina, ao Programa de Isenção de Vistos (VWP). O país sul-americano chegou a deter esse status entre 1996 e 2002, obtido durante o governo neoliberal de Carlos Menem (1989-1999) — considerado por Milei o melhor líder da democracia argentina, embora se trate de um peronista.
Para se qualificar para o VWP, Buenos Aires deve comprovar que atende aos requisitos de segurança e reciprocidade impostos pelos Estados Unidos, manter uma taxa anual de rejeição de vistos temporários inferior a 3% e se comprometer a receber seus cidadãos deportados dentro de determinados prazos, entre outras condições. De acordo com comunicado da Casa Rosada, o pedido “constitui o primeiro passo de um rigoroso processo que exigirá que a Argentina cumpra os mais altos padrões internacionais em seus procedimentos migratórios, o que fortalecerá a segurança nas fronteiras do país e elevará seu prestígio internacional”.
Se as avaliações e os requisitos forem atendidos, em um processo que pode demorar meses, se não anos, os cidadãos argentinos poderão entrar nos Estados Unidos para turismo ou negócios, tendo até 90 dias para permanecer no país sem a necessidade de visto. Ao invés do documento, deverão obter apenas uma autorização eletrônica de viagem (ESTA, Sistema Eletrônico de Autorização de Viagem), assim como cidadãos da maioria dos países europeus.
“Estamos iniciando o processo para que os argentinos entrem nos Estados Unidos sem visto. Mais liberdade, mais integração, mais intercâmbio”, enfatizou a ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich, que participou das reuniões com Milei e Noem.
Segurança, fronteiras e comércio
De acordo com relatórios oficiais, o presidente argentino e a secretária de Trump discutiram ainda temas como cooperação bilateral em comércio, segurança externa e combate ao terrorismo. Noem também assinou um memorando com Bullrich para, entre outras coisas, fortalecer a colaboração na identificação de fugitivos e no combate ao narcotráfico.
Após o encontro na Casa Rosada, Noem e Bullrich almoçaram juntas na base militar de Campo de Mayo, nos arredores de Buenos Aires. A secretária americana percorreu as instalações a cavalo e conversou com a imprensa local, dizendo que pode haver um encontro entre Trump e Milei no futuro. E avaliou que o processo para a Argentina aderir ao programa de isenção de vistos levaria “nada menos que um ano” — pena para quem esperava aproveitar a facilidade para viajar aos Estados Unidos para a Copa do Mundo.







