Mesmo com rixa entre Trump e Zelensky, Ucrânia e EUA fecham acordo de minerais
Novo passo mostra 'trabalho conjunto' e 'intenção de finalizar e firmar um acordo que será benéfico para ambos', segundo vice-primeira-ministra ucraniana

A Ucrânia e os Estados Unidos assinaram na quinta-feira, 17, um memorando de entendimento sobre o acordo de minerais, que dará acesso ao governo americano a terras raras no subsolo ucraniano. O novo passo foi anunciado pela vice-primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, que afirmou que o avanço mostra o “trabalho conjunto construtivo de nossas equipes e a intenção de finalizar e firmar um acordo que será benéfico para ambos”. Ela também destacou a importância dos EUA investirem “em uma Ucrânia livre, soberana e segura”.
“Estamos preparando a criação de um Fundo de Investimentos para a Reconstrução da Ucrânia. O respectivo acordo abrirá oportunidades para investimentos significativos, modernização da infraestrutura e uma parceria mutuamente vantajosa entre a Ucrânia e os Estados Unidos — é com esse objetivo que as equipes estão trabalhando no documento”, escreveu Svyrydenko.
“O próximo passo é a finalização do texto do Acordo e sua assinatura. Depois disso, a ratificação pelos parlamentos. Agradeço às nossas equipes técnicas – ucraniana e americana – pelo trabalho profissional, construtivo e rápido”, acrescentou ela.
Em fevereiro, uma esperada reunião entre Zelensky e o presidente dos EUA, Donald Trump, foi marcada por um tenso bate-boca. Na ocasião, o republicano acusou o ucraniano de flertar com a Terceira Guerra Mundial e de demonstrar ingratidão pelo apoio de Washington a Kiev na guerra contra a Rússia — de quem Trump se aproximou desde que retornou à Casa Branca, em 20 de janeiro.
Após a discussão, a coletiva de imprensa marcada para após o encontro foi cancelada, assim como a assinatura do acordo sobre minerais que permitiria que os EUA explorassem terras raras, uma espécie de compensação – cobrada por Trump – pela ajuda militar americana. O país tem depósitos de 22 dos 34 minerais identificados como “críticos”, de acordo com dados ucranianos, incluindo materiais industriais e de construção, ferroligas, metais preciosos e não ferrosos.
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O que prevê o acordo?
Svyrydenko não detalhou o que está previsto no documento atualizado. Na versão original, os Estados Unidos e a Ucrânia estabeleceriam um fundo de investimento de reconstrução para coletar e reinvestir receitas de fontes ucranianas. Kiev contribuiria para o fundo com 50% da receita, subtraindo despesas operacionais, até que as contribuições atinjam a soma de 500 bilhões de dólares. Washington, por sua vez, estabeleceria um compromisso financeiro de longo prazo para o desenvolvimento de uma “Ucrânia estável e economicamente próspera”.
Em meio às negociações de cessar-fogo e do pacto sobre minerais, o presidente dos EUA suspendeu temporariamente o fornecimento de armas e munições, assim como o compartilhamento de informações de inteligência com o Exército ucraniano, no mês passado. Pressionada, a Ucrânia não teve muita opção a não ser avançar com o acordo. Nas tratativas, Kiev pressionou para assinar primeiro um memorando de entendimento e assinar um acordo detalhado mais tarde, aliviando, ainda que momentaneamente, as cobranças do obstinado Trump.