Mercosul se recusa a permitir discurso de Zelensky em cúpula do bloco
Vice-chanceler paraguaio não revelou de onde partiu veto à participação de presidente ucraniano, mas ressaltou que houve consenso
Os governos de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai negaram ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, um momento para fazer uma fala por vídeo durante a cúpula de presidentes do Mercosul na próxima quinta-feira, 21, anunciou um porta-voz da presidência paraguaia do bloco, de acordo com a agência de notícias AFP.
“Não houve consenso. O embaixador ucraniano na Argentina que estava no Paraguai foi informado. O próprio chanceler fez a comunicação”, disse Raúl Cano, vice-ministro das Relações Exteriores do Paraguai, país que recebe o encontro de presidentes.
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Cano não revelou de onde partiu o veto à participação de Zelensky no evento, mas ressaltou que todas as decisões do bloco são tomadas por consenso.
Desde o início da invasão da Rússia à Ucrânia, em 24 de fevereiro, o presidente ucraniano vem participando reiteradamente de eventos internacionais para tentar chamar atenção ao conflito. Além disso, há constantes diálogos com líderes, sobretudo da Europa e dos EUA.
Na semana passada, Zelensky conversou com o presidente paraguaio, Mario Abdo, que também é presidente temporário do Mercosul, para tentar conseguir um espaço para discursar à Cúpula.
Nesta quarta-feira, o ministro do Interior do Paraguai, Federico González, também confirmou a ausência do presidente Jair Bolsonaro no evento. O Brasil será representado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos França.
Na terça-feira, Bolsonaro e Zelensky conversaram por telefone. Em um tuíte publicado pelo ucraniano após o telefonema, o ucraniano afirmou que os dois líderes discutiram a crise provocada pelo cerceamento das exportações de grãos do país pelo exército russo, que bloqueia os portos desde a invasão no dia 24 de fevereiro.
“Eu o informei sobre a situação no front. Discutimos a importância de retomar as exportações de grãos ucranianos para evitar uma crise alimentar global provocada pela Rússia”, disse Zelensky.
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As Nações Unidas e a União Europeia já alertaram para o perigo de uma crise alimentar global devido à falta de grãos. O chefe de política externa do bloco europeu, Josep Borrell, disse que “não se pode imaginar que milhões de toneladas de trigo permaneçam bloqueadas na Ucrânia enquanto no resto do mundo as pessoas passam fome. Este é um verdadeiro crime de guerra.”
Além disso, Zelensky acrescentou que todas as nações deveriam unir esforços contra a Rússia, aderindo a sanções econômicas para prejudicar o financiamento da guerra: “Peço a todos os parceiros que se juntem às sanções contra o agressor”, completou, no mesmo tuíte.
Had a conversation with President of Brazil @jairbolsonaro. Informed about the situation on the front. Discussed the importance of resuming 🇺🇦 grain exports to prevent a global food crisis provoked by Russia. I call on all partners to join the sanctions against the aggressor.
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) July 18, 2022
Essa foi a primeira conversa entre os dois desde o início do conflito com a Rússia. Pouco antes do início da guerra, Bolsonaro se encontrou com o presidente Vladimir Putin em Moscou.