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Mercenários ligados à Rússia ameaçam deixar Bakhmut por falta de munição

Yevgeny Prigozhin, fundador do grupo Wagner, publicou vídeo criticando as políticas do Ministério da Defesa russo

Por Da Redação 5 Maio 2023, 10h19

O fundador do grupo mercenário russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, ameaçou nesta sexta-feira, 5, retirar seus combatentes da cidade de Bakhmut. A região é alvo de uma tentativa de captura russa desde o verão passado e se tornou a batalha mais longa e sangrenta da guerra na Ucrânia.

Segundo Prigozhin, a retirada pode acontecer na próxima quarta-feira, 10, por conta de pesadas perdas e falta de munição.

“Declaro em nome dos combatentes do Wagner, em nome do comando do Wagner, que em 10 de maio de 2023 somos obrigados a transferir posições no assentamento de Bakhmut para unidades do Ministério da Defesa e retirar os restos mortais do Wagner para campos de logística para lamber nossas feridas”, disse Prigozhin em comunicado. “Estou retirando as unidades Wagner de Bakhmut porque, na ausência de munição, elas estão condenadas a perecer sem sentido.”

Não está claro se a declaração do comunicado é verdadeira, visto que Prigozhin é conhecido por postar comentários impulsivos. Na semana passada, ele retirou uma declaração que disse ter feito como uma “brincadeira”. Ele também chegou a postar um vídeo cercado por dezenas de cadáveres que disse serem combatentes de Wagner, e foi mostrado gritando e xingando o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov.

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“Temos 70% de falta de munição. Shoigu! Gerasimov! Onde está a munição?”, gritou o fundador do grupo mercenário em vídeo publicado nas redes sociais.

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A declaração escrita foi dirigida ao chefe do Estado-Maior, ao Ministério da Defesa e ao presidente Vladimir Putin. Ela foi acompanhada de um vídeo de Prigozhin no qual ele aparece em traje de combate completo na frente de dezenas de seus combatentes, com um rifle automático pendurado no ombro.

“Meus rapazes não sofrerão perdas inúteis e injustificadas em Bakhmut sem munição”, acrescentou Prigozhin. “Se, por causa do seu ciúme mesquinho, você não quer dar ao povo russo a vitória de tomar Bakhmut, o problema é seu.”

Bakhmut, uma cidade de 70 mil habitantes antes do início da guerra, assumiu uma enorme importância simbólica para ambos os lados devido à intensidade e duração dos combates na região. Do lado russo, o grupo mercenário Wagner lidera confrontos e chegou a revelar há três semanas que a Rússia controlava mais de 80% da cidade. Porém, as forças ucranianas na cidade resistiram e Prigozhin expressou uma raiva cada vez maior com o que ele descreve como falta de apoio do sistema de defesa russo.

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O comunicado foi divulgado em um momento importante da guerra, com a expectativa de que a Ucrânia lance uma contra-ofensiva em breve. O Kremlin se recusou a comentar a declaração de Prigozhin, citando o fato de estar relacionada ao curso de sua “operação militar especial” na Ucrânia.

Agora, os comandantes russos têm cinco dias para preencher a lacuna de uma possível retirada de tropas mercenárias, o que também pode atrapalhar as celebrações nacionais em 9 de maio, quando a Rússia comemora a vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e Putin deve se dirigir à nação na Praça Vermelha.

O chefe do grupo Wagner também afirmou que espera críticas sobre sua decisão e prometeu voltar para guerra caso a Rússia precisa da sua ajuda.

“Quem quer que tenha comentários críticos – venha para Bakhmut, de nada, levante-se com armas em suas mãos no lugar de nossos camaradas mortos”, disse Prigozhin. “Vamos lamber nossas feridas e, quando a Pátria estiver em perigo, nos levantaremos novamente para defendê-la. O povo russo pode contar conosco.”

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