‘Me agarro à esperança’, diz irmã de brasileiro sequestrado pelo Hamas

Desaparecido desde os atentados de 7 de outubro cometidos pelo Hamas, o brasileiro Michel Nisembaum, 59, segue em cativeiro na Faixa de Gaza. Passadas sete semanas desde então, a família não obteve nenhuma notícia sobre sua situação.

“Naquele dia, pouco antes das 7 da manhã, Michel saiu de casa para buscar sua netinha. Ele deveria dirigir de Sderot, onde mora, para Ashkelon, a 70 quilômetros de distância”, conta Mary Shohat, irmã de Michel, a VEJA.

“Às 7h13, quando já estava claro que havia uma invasão terrorista, a filha de Michel ligou para ele, mas ninguém atendeu. Dez minutos depois, retornaram do telefone do Michel para ela, gritando em árabe”, prossegue.

“A única coisa que dava para entender era a palavra Hamas. Desde então, não tivemos mais qualquer notícia”, prossegue Mary.

Mary conta que conversou pela última vez com Michel no dia 5, portanto, 48 horas antes dos atentados.

“Naquela manhã terrível, estava em casa, em Beer Sheva (no sul de Israel). Foi devastador para mim e para toda a família”, afirma.

Na semana passada, a família foi procurada pelas Forças de Segurança de Israel. Isso porque o carro de Michel foi encontrado, em paradeiro não informado pelo governo.

O veículo, conta Mary, estava incendiado, mas foi possível reconhecê-lo pelo número do chassi.

“Assim que souberam que o carro era do Michel, fizeram uma varredura completa. Mas nada foi encontrado no carro”, conta.

Mary, porém, teve uma notícia esperançosa durante sua dura espera. O computador de Michel foi localizado por geolocalizador dentro de Gaza.

“Me agarro à esperança”, afirma. “Estamos esperando por notícias. Eu, as filhas dele, seus netinhos. Todos estamos unidos em orações”, prossegue.

Mary conta que a saúde da mãe, de 87 anos, se deteriorou muito desde o sequestro de Michel.

“Somos uma família muito unida, e Michel nos faz muita falta. Seu neto mais velho tem 7 anos e pergunta o tempo inteiro onde está o avô”, afirma.

Michel e Mary imigraram com os pais para Israel há 45 anos.

Ele trabalha como técnico de computador e, mais recentemente, iniciou a carreira de guia turístico numa fazenda especializada no cultivo de verduras que fica nas proximidades de Gaza.

“Somos fortes e já passamos por muita coisa na vida. Estamos unidos e vamos superar isso. Ele vai voltar”, conclui.

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