Mbappé define como ‘catastrófico’ avanço da extrema direita na França
Atacante do Real Madrid disse que país vive 'cenário urgente' e instigou população a participar ativamente do segundo turno, marcado para este domingo, 7
O atacante Kylian Mbappé voltou a criticar nesta quinta-feira, 4, o avanço da extrema direita nas eleições legislativas da França. Em novo comentário, o jogador do Real Madrid definiu os resultados do primeiro turno como “catastróficos”, após o partido ultradireitista Reagrupamento Nacional (RN) liderar o pleito com 33% dos votos. Com próxima rodada eleitoral marcada para este domingo, Mbappé disse que é um “cenário urgente” e instigou a população a participar ativamente do pleito.
“Acho que agora, mais do que nunca, você precisa sair [para votar]”, afirmou ele, na cidade alemã de Hamburgo, um dia antes da partida França x Portugal no Campeonato Europeu. “É uma conjuntura urgente. Não podemos deixar nosso país cair nas mãos dessas pessoas. É urgente — vimos os resultados, é catastrófico.”
Não é a primeira vez, no entanto, que Mbappé condenou abertamente as conquistas da extrema direita. Em meados de junho, ele chamou a situação política francesa de “terrível” e “um evento nunca visto antes”, em eco ao pedido do atacante Marcus Thuram para que os franceses “lutem diariamente” contra o RN. Na ocasião, o atacante destacou que jovens são “uma geração que pode fazer a diferença”, acrescentando: “Vemos que os extremos estão batendo à porta do poder e temos a oportunidade de moldar o futuro do nosso país.”
As declarações foram mal recebidas pelo líder do RN, Jordan Bardella, possível novo primeiro-ministro da França. Um dia após os comentários, ele disse que Mbappé “tem a sorte de ter um salário muito, muito alto” e que fica “um pouco envergonhado de ver esses atletas dando aulas para pessoas que não conseguem mais sobreviver, que não se sentem mais seguras, que não têm a oportunidade de viver em bairros superprotegidos por agentes de segurança”.
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Derrota no Parlamento Europeu
As eleições legislativas foram convocadas antecipadamente pelo presidente do país, Emmanuel Macron, após derrota do seu partido, Renascimento (REM), nas votações para o Parlamento Europeu, braço legislativo da União Europeia (UE). Ao dissolver o Parlamento francês e convocar votações antecipadas, ele afirmou que os resultados das eleições do Parlamento Europeu foram “um desastre que não pode ser ignorado” e que o “aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo”.
Tratou-se de uma aposta arriscada, que agitou politicamente o país às vésperas dos Jogos Olímpicos de Paris. Os resultados, até o momento, desagradaram o partido governista, Renascimento (REM), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, atrás da coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP). Caso o Reagrupamento Nacional confirme o favoritismo e vença o pleito deste domingo, será a primeira vez que a ultradireita assumirá o governo francês desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).