May vence em voto de confiança e diz que mantém seu acordo para o Brexit
Desafiada por rebeldes em seu próprio partido, o Conservador, primeira-ministra tenta extrair maior concessão dos europeus a sua proposta de acordo
A primeira-ministra britânica, Theresa May, venceu nesta quarta-feira, 12, a mais dura batalha contra os parlamentares rebeldes de seu próprio partido, o Conservador, que rejeitam os termos do acordo proposto por ela para o Brexit. Desafiada por esse grupo em um voto de confiança, May obteve 200 votos em seu favor e 117 contra.
A votação somente entre parlamentares conservadores deu-se às vésperas do encontro de líderes da União Europeia, entre quinta e sexta-feira, em Bruxelas. O Brexit será o principal tema, visto pelos negociadores europeus como uma tragédia com elementos confusos, absurdos e engraçados.
Sua derrota a teria levado a renunciar, dadas as pressões. Levaria ainda o acordo negociado por ela com os europeus e a futura relação do Reino Unido com a União Europeia ao caos, na avaliação do jornal The Washington Post. Como saiu-se vitoriosa, May deverá ser novamente desafiada pelos seus colegas conservadores apenas daqui a um ano.
A saída do Reino Unido da União Europeia se dará a partir de 29 de março, conforme negociado por ambas as partes. O acordo formulado por ela e negociado depois com os europeus seria regido pela preservação do livre-comércio em áreas sensíveis, como a fronteira entre a britânica Irlanda do Norte e a Irlanda. Os rebeldes conservadores se opõem radicalmente a essa concessão ao continente.
Em clara ameaça a sua liderança, o bloco rebelde submeteu May ao voto de confiança da legenda. Ela precisava de 158 votos favoráveis de um universo de 315. Obteve mais do que o esperado. Nos últimos meses, no entanto, cinco ministros de seu gabinete renunciaram por oposição ao plano da primeira-ministra para o Brexit.
Antes do início da votação, May declarou que não renunciaria nem mudaria sua visão sobre o Brexit. “Eu contestarei esse voto com tudo o que tenho. Eu finco pé em terminar meu trabalho”, afirmou ela, em disposição de lutar por seu cargo e pelo acordo que propõe. Ela advertiu que desafio posto por sua base no Parlamento “colocará o futuro do país em risco e gerará incertezas onde menos o governo precisa”.
Seu plano entretanto, vem sendo também rejeitado pelos opositores trabalhistas e de outros partidos minoritários. Diante de um cenário contrário, a primeira-ministra suspendeu a votação do projeto pelo plenário, previsto inicialmente para a terça-feira 11. Em conversas com líderes de países europeus, tenta ainda conseguir concessões maiores.