Massacre no Texas: investigação aponta falha da polícia durante ataque
Testemunhas do crime na escola infantil alegam demora dos agentes de segurança em conter o atirador
O Departamento de Segurança Pública do Texas apontou na quinta-feira 26, falhas no sistema de segurança da escola infantil e uma demora da polícia para deter o atirador, que matou 19 crianças e dois professores no massacre. O ataque, ocorrido na última terça-feira 24, já é considerado o maior a uma instituição de ensino dos Estados Unidos em quase uma década.
O diretor regional do Departamento de Segurança Pública do Texas (DPS), Victor Escalon, disse que o atirador, Salvador Ramos, de 18 anos, fez o seu caminho desimpedido para o terreno da escola e invadiu a instituição sem contestação, abrindo fogo por uma hora antes de uma equipe tática intervir e matá-lo.
Os últimos detalhes da investigação sobre o tiroteio em massa de terça-feira diferem bastante dos relatos policiais iniciais e levantaram questões sobre as medidas de segurança na escola primária e a resposta das autoridades.
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Relatórios preliminares da polícia disseram que Ramos, antes de dirigir-se à escola, atirou em sua própria avó em casa. Ao chegar no local do crime, o suspeito bateu sua caminhonete nas proximidades, abriu fogo contra duas pessoas em uma funerária do outro lado da rua, depois escalou uma cerca na propriedade da escola e entrou em um dos prédios por uma porta destrancada.
Um segurança sugeriu que o atirador percorreu todo esse caminho sem contestação por forças policiais da área, o que facilitou sua entrada na Robb Elementary School.
O distrito escolar em Uvalde, Texas, onde ocorreu o crime, tem uma política permanente de trancar todas as entradas, incluindo as portas das salas de aula, como medida de segurança. Mas um estudante disse à Reuters que algumas portas foram deixadas destrancadas no dia do tiroteio para permitir a circulação de pais e visitantes durante um evento que estava sendo realizado na instituição.
Registros do dia do massacre foram divulgados nas redes sociais e mostram pais desesperados do lado de fora da escola, implorando aos policiais para invadir o prédio e conter o massacre. “Já se passou uma hora e eles ainda não conseguiram tirar todas as crianças”, disse uma testemunha no vídeo. “Por que deixar as crianças morrerem?”, disse outra mulher presente no momento do ataque. Nos registros, é possível ouvir um policial dizendo à multidão: “Eles estão trabalhando.”
Segundo autoridades, o intervalo de uma hora entre o início do tiroteio e a intervenção dos policiais está em desacordo com a abordagem adotada por muitas agências de aplicação da lei de imediatamente confrontar “atiradores ativos” nas escolas, para impedir mortes.
Questionado se a polícia deveria ter feito uma entrada em massa antes, Escalon respondeu: “Essa é uma pergunta difícil”, acrescentando que mais informações surgiriam à medida que a investigação prosseguisse.
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Segundo o diretor da instituição de segurança pública, investigadores ainda estavam procurando as motivações que levaram Ramos a cometer a carnificina. O atirador, que abandonou o ensino médio, não tinha antecedentes criminais e nenhum histórico de doença mental. Minutos antes do ataque, no entanto, ele escreveu uma mensagem online dizendo que estava prestes a “incendiar uma escola primária”, segundo o governador do Texas, Greg Abbott.
Pelo menos 17 pessoas, incluindo crianças, também ficaram feridas no massacre. O ataque, ocorrido pouco mais de uma semana depois de 10 pessoas terem sido mortas por um atirador de 18 anos em um supermercado em Buffalo, Nova York, reacendeu um debate nacional sobre armas de fogo.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e outros democratas prometeram pressionar por novas restrições de armas, apesar da resistência dos republicanos.