Manifestantes são atacados por grupo armado em Hong Kong
Homens mascarados protagonizaram cenas de violência em estação de metrô; agressão deixou 45 feridos, entre eles um deputado
Um grupo de homens mascarados e armadas com porretes e barras de metal atacou vários manifestantes em uma estação de metrô em Yuen Long, no norte de Hong Kong, após mais um dia de protestos pró-democracia neste domingo 21. Ativistas e parlamentares acusaram a polícia de inação diante da violência.
Várias pessoas foram espancadas, incluindo jornalistas que transmitiram tudo ao vivo, pessoas que passavam pela região e um deputado. De acordo com fontes médicas, 45 pessoas ficaram feridas, incluindo uma em estado crítico e cinco em estado grave.
A polícia da ex-colônia britânica devolvida à China em 1997 foi muito criticada por ter levado mais de uma hora para chegar ao local, a despeito dos pedidos de ajuda. Ninguém foi preso, apesar dos agressores permanecerem nas proximidades da estação at�� a madrugada.
Imagens transmitidas no Facebook mostraram os homens vestindo camisas brancas fugindo do local em veículos que tinham placas chinesas.
Grupos criminosos
Lam Cheuk-ting, um deputado democrata ferido no rosto e nos braços, criticou a reação da polícia e culpou as chamadas tríades – ou máfia chinesa –, gangues criminosas que operam na China e em Hong Kong.
“Essas manobras bárbaras e violentas superam completamente a linha vermelha da sociedade civilizada de Hong Kong”, disse ele. O ataque alimentou o medo de que as tríades comecem a interferir na crise política.
“Nós temos tríades espancando moradores de Hong Kong. E vocês fingem que nada está acontecendo?”, disse outro deputado, Alvin Yeung, referindo-se ao governo.
O chefe de polícia, Stephen Lo, defendeu suas tropas e disse que naquele momento seus agentes estavam mobilizados nos protestos.
“Temos problemas de pessoal”, disse ele, chamando de “difamação” as acusações de uma colaboração entre a polícia e as tríades. Ele acrescentou que os agressores serão procurados.
A área de Yuen Long está localizada perto da fronteira com a China, onde gangues criminosas e comitês rurais pró-Pequim são muito influentes.
O movimento de contestação em Hong Kong começou com a rejeição a um projeto de lei, agora suspenso, que autorizava extradições para a China continental. Mas os manifestantes agora exigem uma anistia para os detidos, o sufrágio universal e a renúncia da chefe do Executivo local, Carrie Lam.
Agressão ao ‘povo chinês’
No momento das agressões em Yuen Long, a polícia enfrentava manifestantes radicais no centro de Hong Kong. A polícia de choque lançou gás lacrimogênio e balas de borracha contra manifestantes que atacaram a representação do governo chinês na ex-colônia britânica.
Pequim denunciou duramente nesta segunda-feira, 22, o ataque, denunciando atos “absolutamente intoleráveis” e cobrando “punição aos culpados”.
Estes atos “prejudicam seriamente o espírito do Estado de direito ao qual Hong Kong está fortemente ligado (…) e prejudicam seriamente todo o povo chinês, incluindo os sete milhões de compatriotas de Hong Kong”, afirmou à imprensa Wang Zhimin, chefe do escritório de representação.
Na China continental, o governo e a imprensa estatal também condenaram os atos de vandalismo.
“Esse tipo de comportamento desafia abertamente a autoridade do governo central”, declarou um porta-voz da Secretaria para os Assuntos de Hong Kong e Macau, denunciando à agência Xinhua “atos absolutamente intoleráveis”.
Apesar da crise, nem o governo de Hong Kong nem Pequim parecem dispostos a mudar de rumo. A chefe do governo local, Carrie Lam, condenou tanto o ataque à representação chinesa quanto a agressão contra os manifestantes pelas gangues, declarando que a cidade inteira estava “escandalizada”.
“Nós não aprovamos esse tipo de violência”, disse.
(Com AFP)