Mais de 120 homens são presos após estupro coletivo na África do Sul
Os suspeitos são acusados de violentar oito mulheres durante gravação de videoclipe em uma mina abandonada
A polícia da África do Sul prendeu mais de 120 homens após suposto estupro coletivo de oito mulheres na cidade de Krugersdorp, a oeste de Joanesburgo. O suspeitos são imigrantes ilegais que trabalhavam como garimpeiros em minas da região, conhecidos como “zama-zamas”.
O crime teria ocorrido na última quinta-feira 28, quando uma gangue de homens armados invadiu um set de filmagem. O ataque ocorreu em uma mina abandonada da província de Gauteng, onde uma equipe de 22 pessoas, incluindo 12 mulheres, estava gravando um videoclipe.
“Os suspeitos ordenaram que todos se deitassem e estupraram oito das mulheres e roubaram todos os seus pertences antes de fugir do local”, disse o comissário de polícia local, tenente-general Elias Mawela, à agência de notícias Associated Press. O oficial informou que a polícia está investigando outras 32 denúncias de estupro na área.
Os detidos enfrentam acusações que incluem posse de armas de fogo e mineração ilegal. No entanto, só poderão ser julgados pela suposta agressão sexual se testes de DNA acusarem seu envolvimento com o crime.
Os mineiros, ou “zama-zamas”, vêm de países como Moçambique e Zimbábue para tentar ganhar a vida nas milhares de minas de ouro abandonadas da África do Sul.
Na segunda-feira 1, mais de 80 garimpeiros presos no último final de semana compareceram ao Tribunal de Magistrados de Krugersdorp. Durante a audiência, se descobriu que cerca de 20 eram jovens que deveriam ser julgados no sistema de justiça infantil.
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Do lado de fora do tribunal, centenas de pessoas – inclusive do grupo anti-migrante Operação Dudula – realizaram um protesto acusando a polícia de não fazer o suficiente para combater a violência.
Os imigrantes ilegais são culpados pela população local por crimes como assaltos e violência sexual. Contudo, grupos de direitos humanos alertam que os suspeitos estão sendo alvo de xenofobia.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, pediu que os civis ajudassem a encontrar aqueles que realizaram o ataque da última quinta-feira.
“Esses atos horríveis de brutalidade são uma afronta ao direito de mulheres e meninas de viver e trabalhar em liberdade e segurança. Pedimos às comunidades que trabalhem com a polícia para garantir que esses criminosos sejam presos e processados”, disse o chefe de Estado.
O incidente destacou mais uma vez o problema crônico de violência de gênero na África do Sul. Nos primeiros três meses deste ano, foram registrados pelo menos 10.818 casos de estupro, um aumento de 13,7% em relação ao mesmo período de 2021. Acredita-se que o número real seja muito maior devido à subnotificação dos casos.
Segundo a ONG People Opposing Women Abuse (Powa), que defende a igualdade de gênero na região, apenas 8,6% dos casos de estupro no país resultam em condenação.