Maduro fala em ‘paz e entendimento’ e pede conversa com a Guiana
Presidente faz menção ao diálogo dias após realizar um referendo sobre a anexação de Essequibo ao território venezuelano
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou neste sábado, 9, que a Guiana terá que ‘sentar e conversar’ sobre o território de Essequibo, que pertence aos guianeses e é desejado pelo venezuelanos. A declaração foi feita na rede social X (antigo Twitter).
“Guiana e ExxonMobil terão que sentar e conversar conosco, o governo da República Bolivariana da Venezuela. De alma e coração, queremos paz e entendimento. Que o mundo escute, com o Acordo de Genebra, tudo!”, escreveu Maduro.
https://x.com/NicolasMaduro/status/1733488354811949357?s=20
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A ExxonMobil citada pelo líder venezuelano é uma empresa petrolífera dos Estados Unidos que extrai a comoddity na costa da Guiana.
CONVERSA COM LULA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, neste sábado, 9, uma ligação de seu homônimo na Venezuela, Nicolás Maduro, e ‘transmitiu a crescente preocupação’ dos países da América do Sul sobre a disputa com a Guiana pela região de Essequibo, informou o Palácio do Planalto em nota.
De acordo com o comunicado, Lula “expôs os termos da declaração sobre o assunto aprovada na Cúpula do Mercosul e assinada por Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina, Colômbia, Peru, Equador e Chile” e “recordou a longa tradição de diálogo na América Latina e que somos uma região de paz”.
A nota diz ainda que o petista “fez um chamado ao diálogo e sugeriu que o presidente de turno da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), Ralph Gonsalves, trate do tema com as duas partes” e “reiterou que o Brasil está à disposição para apoiar e acompanhar essas iniciativas.
Por fim, Lula ressaltou que “é importante evitar medidas unilaterais que levem a uma escalada da situação”.
ENTENDA A DISPUTA ENTRE VENEZUELA E GUIANA
A região conturbada, de 160 mil km², compõe 74% do território da Guiana, país que administra a área desde 1996, ano em que declarou independência do Reino Unido. A Venezuela contrapõe que o local foi retirado de seu domínio pela arbitrária sentença de Paris, de 1899.
A disputa voltou a esquentar em 2015, quando foi descoberto petróleo na região de Essequibo. Estima-se que, por lá, existam reservas de 11 bilhões de barris. A maior parte estaria “offshore”, ou seja, no mar. Por causa das reservas fósseis, a Guiana tornou-se o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos.
As assinaturas desta sexta-feira buscam, então, colocar um ponto final da história, com data marcada: 2030. Segundo Maduro, a escolha do calendário tem como objetivo “cumprir o mandato do povo que votou pelo sim”, referindo-se ao referendo de domingo que decidiu pela anexação do território guianês.
A consulta pública, no entanto, não possui valor vinculativo e, portanto, não oferece um sinal verde para que o político coloque as polêmicas intenções em prática. Apesar disso, ele chegou a divulgar um novo mapa com a área de Essequibo como parte da Venezuela.