Venezuela: Maduro diz que quer eleições
Apesar da afirmação, o presidente não faz nada para que o país retorne à democracia: 1.365 foram detidas em abril nos protestos contra o governo
Sob intensos protestos da oposição e críticas de países vizinhos, o presidente Nicolás Maduro falou que gostaria de fazer eleições em seu programa deste domingo, 23.
“Eleições, sim, quero eleições já“, lançou o presidente.
Contudo, ele não anunciou nenhuma medida para concretizar essa promessa. O mandatário descartou antecipar o pleito presidencial e pediu aos adversários diálogo e o abandono do que chama de agenda golpista.
Há duas semanas, Maduro já havia dito estar ansioso pela eleição de governadores na Venezuela, atrasadas desde dezembro, e de prefeitos, previstas para este ano. O discurso, porém, para por aí.
Nas manifestações que realiza desde 1º de abril, a oposição exige a convocação de eleições gerais ainda para este ano.
De acordo com pesquisas, sete em cada dez venezuelanos reprovam o governo, asfixiados por uma severa escassez de alimentos e de remédios, além de uma inflação que deve alcançar, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), 720,5% este ano — a maior do mundo.
Neste sábado, 22, opositores seguiram até a sede da Conferência Episcopal em uma “marcha do silêncio”, após o aumento da violência que deixou 20 mortos em três semanas de protestos contra o governo.
A oposição anunciou a intenção de manter a pressão nas ruas e convocou uma “obstrução nacional” para a segunda-feira 24, que prevê o bloqueio das principais avenidas de Caracas.
Segundo a ONG Foro Penal Venezolano, entre 4 e 22 de abril, 1.365 foram presas pelos protestos contra o governo e que 777 ainda permanecem detidas.
Os atos contra Maduro têm enfrentado repressão e o aumento de milícias nas ruas.
(Com a AFP)