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Macron acusa Bolsonaro de ‘mentir’ e França se opõe a acordo UE-Mercosul

Além do francês, Boris Johnson, Angela Merkel e Justin Trudeau cobraram Brasil por queimadas na Amazônia; Irlanda também ameaçou tratado de livre-comércio

Por Da Redação
Atualizado em 23 ago 2019, 10h26 - Publicado em 23 ago 2019, 10h16

O presidente Emmanuel Macron afirmou nesta sexta-feira, 23, que Jair Bolsonaro “mentiu” sobre seus compromissos com o meio ambiente e anunciou que, sob essas condições, a França se opõe ao tratado de livre-comércio UE-Mercosul.

“Dada a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República só pode constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na cúpula (do G20) de Osaka”, declarou o Palácio do Eliseu, estimando que “o presidente Bolsonaro decidiu não respeitar seus compromissos climáticos nem se comprometer com a biodiversidade”.

“Nestas circunstâncias, a França se opõe ao acordo do Mercosul“, acrescentou a Presidência francesa.

A pressão internacional sobre o Brasil aumentou após a divulgação de informações sobre o aumento das queimadas na Amazônia. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas tiveram um acréscimo de 82% de janeiro a agosto de 2019 ante o mesmo período do ano passado. Esta é a maior alta no índice em sete anos.

Segundo especialistas, a alta de incêndios está relacionada ao desmatamento promovido para a criação de pastagens e lavouras, uma vez que neste ano não houve um período de seca tão intenso como nos anos anteriores.

Ontem, Macron já havia se manifestado sobre a questão, e pediu que os incêndios fossem discutidos na reunião de cúpula do G7, que será realizada neste final de semana em Biarritz, na França. A posição do francês foi apoiado por outros líderes europeus e pelo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.

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O premiê da Reino Unido, Boris Johnson, afirmou por meio de um porta-voz nesta sexta que está profundamente preocupado com os incêndios e com “o impacto da trágica perda desses preciosos habitats”. O conservador vinha sendo acusado pela oposição trabalhista do seu país de apoiar as atitudes do presidente Jair Bolsonaro sobre o meio ambiente ao não se manifestar sobre o assunto.

Já a chanceler Angela Merkel afirmou que o tema constitui uma “situação urgente”, que precisa ser debatida.

O presidente brasileiro acusou Macron de querer “instrumentalizar” o assunto “para ganhos políticos pessoais”. “A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI”, escreveu no Twitter.

Na quarta-feira 21, Bolsonaro chegou a insinuar que os incêndios na Amazônia têm sido provocados por ONGs com o intuito de prejudicá-lo.

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Oposição ao acordo UE-Mercosul

Além da França, a Irlanda também se manifestou contra o acordo de livre-comércio fechado entre o Mercosul e a União Europeia em junho deste ano.

“De maneira alguma a Irlanda votará a favor do acordo de livre comércio UE-Mercosul se o Brasil não cumprir seus compromissos ambientais”, declarou o primeiro-ministro Leo Varadkar em um comunicado divulgado na quinta-feira à noite.

Varadkar se disse “muito preocupado porque neste ano houve níveis recordes de destruição por incêndios na floresta amazônica”, e considerou que “os esforços do presidente Bolsonaro para culpar ONGs ambientalistas pelos incêndios são orwellianos”.

Após 20 anos de negociações, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram recentemente com a UE um Acordo de Associação que inclui seções de diálogo político e comercial.

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Os países do bloco europeu ainda devem dar seu aval ao texto para permitir sua entrada em vigor, que deve ter a aprovação da Eurocâmara, um procedimento que pode levar dois anos.

“Ao longo dos dois anos, vamos monitorar de perto as ações ambientais do Brasil”, advertiu Varadkar.

A França havia condicionado sua validação do acordo ao respeito do Brasil a certos compromissos ambientais que haviam sido discutidos durante a cúpula em Osaka (Japão), do G20, grupo do qual o Brasil é membro.

O pacto também tem sido amplamente criticado, particularmente pelo setor agrícola e por ambientalistas.

(Com AFP)

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