Lula exalta dinamismo do Brics e diz que ‘já ultrapassamos o G7’
"Mercados emergentes e em desenvolvimento são aqueles que apresentarão maior índice de crescimento nos próximos anos", destacou
Em discurso nesta terça-feira, 22, no Fórum Empresarial do Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que o “dinamismo da economia está no sul global e o Brics é sua força motriz”, citando dados do Fundo Monetário Internacional como base. Enquanto países industrializados devem desacelerar seu crescimento de 2,7%, em 222, para 1,4%, em 2024, o crescimento previsto para os países em desenvolvimento é de 4% neste ano e no próximo, destacou.
Durante a fala, Lula afirmou que “já ultrapassamos o G7, e respondemos por 32% do PIB mundial em paridade do poder de compra”.
“Projeções indicam que os mercados emergentes e em desenvolvimento são aqueles que apresentarão maior índice de crescimento nos próximos anos”, afirmou.
Ao longo do discurso, Lula também ressaltou que a necessidade de financiamento não atendida dos países em desenvolvimento continua alta e que a decisão de estabelecer o Novo Banco de Desenvolvimento, o chamando Banco do Brics, representou um marco na colaboração efetiva das economias emergentes.
Nesta terça, os líderes do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – participam de um fórum empresarial e depois se reunirão em um “retiro”, o evento exclusivo aos chefes de Estado e governo e respectivos ministros das Relações Exteriores. O chanceler russo, Sergei Lavrov, estará presente, segundo o governo brasileiro, no lugar do presidente Vladimir Putin.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o encontro entre os presidentes terá três temas principais.
O primeiro é a expansão do Brics, sobre a qual o presidente Lula já levantou a possibilidade da inclusão de países como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Argentina. O Itamaraty declarou que 23 países já entraram com pedido de adesão, e os negociadores da cúpula têm conversado sobre as características desses novos membros e os parâmetros de permissão de entrada no grupo.
Também estarão na pauta as questões específicas do continente africano, do qual o líder brasileiro defende se reaproximar. Lula confirmou a intenção de fazer um “giro” no continente para retomar as boas relações com os países africanos – seu antecessor, Jair Bolsonaro, não esteve na África durante o mandato (2019-2022). Depois da cúpula, o petista segue para Angola (25 e 26 de agosto) para encontros com lideranças políticas, e para São Tomé e Príncipe (27 de agosto), onde participará da cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O terceiro ponto é a discussão sobre o uso de uma moeda comum para as transações comerciais entre os países do bloco. Lula tem defendido que as nações tenham a opção de fazer as negociações em outra moeda além do dólar e que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como Banco do Brics, possa escolher qual moeda utilizar. O presidente argumenta que a mudança pode fortalecer outras moedas.
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Na semana passada, o Itamaraty também indicou que a guerra na Ucrânia estará na pauta. O tema deve aparecer no chamado “retiro”. Putin será representado, como nos demais eventos da cúpula, por seu chanceler.
A guerra entre Rússia e Ucrânia já dura um ano e meio, e Lula defende a criação de um “clube de paz”, um grupo formado por países neutros que possam mediar um eventual acordo para o fim do conflito.