Lula e Petro pedem ‘diálogo’ na eleição na Venezuela e repudiam sanções
Declaração conjunta dos presidentes brasileiro e colombiano ocorreu no mesmo dia em que os EUA anunciaram a retomada de restrições ao petróleo venezuelano
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, se reuniram nesta quarta-feira, em Bogotá, e trataram de diversos assuntos de interesse dos dois países e da América do Sul — entre eles, a reunião na Venezuela. Em comunicado conjunto dos dois mandatários divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, Lula e Petro pedem “diálogo” entre o governo de Nicolás Maduro e os demais setores políticos venezuelanos e repudiam sanções contra o país.
“Sobre a Venezuela, sublinharam a importância de se manterem a interlocução e o diálogo constante entre o governo e os demais setores políticos no espírito do Acordo de Barbados”, diz o comunicado. “Exortaram o governo e os setores de oposição a considerar a possibilidade de chegar a um acordo de garantias democráticas que possa ser referendado nas urnas. Reiteraram seu repúdio a qualquer tipo de sanções que unicamente servem para aumentar o sofrimento do povo venezuelano.”
Mais cedo, Petro afirmou que apresentou uma proposta para garantir a segurança de “quem quer que perca” as eleições. “[A proposta] tem a ver com a possibilidade de plebiscito nas eleições que se avizinham, que garanta um pacto democrático, que garanta para quem quer que perca, a certeza e a segurança sobre sua vida, seus direitos e garantias políticas que qualquer ser humano deve ter em seu país”, disse Petro. A proposta já teria sido apresentada a Maduro e à oposição na Venezuela.
Sanções dos Estados Unidos
A declaração contrária às sanções ocorre no mesmo dia em que os Estados Unidos anunciaram que vão retomar as restrições ao petróleo e ao gás venezuelano. A reunião privada entre Lula e Petro ocorreu pela manhã no horário local (começo da tarde no Brasil). À tarde, os EUA confirmaram a retomada de sanções.
Washington havia suspendido as sanções em outubro de 2023, por seis meses, com a assinatura do chamado Acordo de Barbados. Os EUA levantaram parcialmente as restrições, enquanto o governo da Venezuela libertou oposicionistas presos e se comprometeu a realizar eleições transparentes.
A principal candidata da oposição a Maduro, María Corina Machado, foi impedida de disputar as eleições — e sua escolhida para substituí-la, Corina Yoris, também foi barrada. Com isso, Washington decidiu não renovar a suspensão das sanções.
Segundo a imprensa americana, os Estados Unidos devem dar um prazo de 45 dias para que as empresas americanas encerrem seus negócios ligados ao petróleo e ao gás da Venezuela.