Lula defende acordo Mercosul-China após conclusão de pacto com UE
Presidente viajou a Montevidéu nesta quarta-feira para encontro com o mandatário uruguaio, Luis Lacalle Pou
Durante visita a Montevidéu, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira, 25, que concorda com as propostas de mudanças nas regras do Mercosul dadas pelo governo do presidente do Uruguai, Luís Alberto Lacalle Pou. Segundo o mandatário brasileiro, o Mercosul deve assinar um acordo comercial com a China, com negociações iniciadas assim que o bloco concluir as negociações com a União Europeia.
“Disse ao presidente Lacalle, e tenho dito aos meus ministros, que vamos intensificar as discussões e firmar este acordo com a União Europeia (UE) para que a gente possa discutir em seguida um possível acordo entre China e Mercosul, e acho que é possível”, comentou o presidente do Brasil.
O presidente ressaltou que, mesmo o Brasil tendo a China como o maior parceiro comercial, ele ainda quer “discutir com nossos amigos chineses o acordo Mercosul-China enquanto Mercosul”.
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Após participação na cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), na terça-feira 24 em Buenos Aires, Lacalle Pou disse que os acordos do país com a China e o Mercosul têm potencial para coexistir.
Fazer a negociação da proteção do Mercosul com o presidente do Uruguai foi uma das principais metas da visita de Lula a Montevidéu, já que a decisão de fazer acordos de livre comércio sem a presença da UE, especialmente com a China, pode trazer um grave problema para o Mercosul.
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Lacalle Pou expressou a satisfação com o apoio do Brasil ao “aprimoramento do Mercosul” e insistiu na necessidade do país “se abrir para o mundo”.
“Tentar fazer com todo o Mercosul, basicamente. Acho que entendo perfeitamente que o Uruguai está com suas tratativas e não tem nenhum impedimento em informar o que vem fazendo e negociando”, declarou Lacalle Pou.
O presidente do Uruguai antecipou que os dois países vão criar uma equipe técnica para ver o que “querem e precisam” na relação com a China.
Há dois anos, o Uruguai apresentou uma proposta para flexibilizar as negociações do Mercosul e permitir que países integrantes façam acordos comerciais unilaterais com terceiros. De acordo com o rascunho do documento distribuído pelo Ministério do Exterior uruguaio, a proposta estabelece que, sob algumas condições, os países integrantes poderão iniciar negociações “seja de maneira coletiva, seja de maneira individual”.
“Os países que iniciarem negociações devem informar ao GMC (Grupo Mercado Comum), órgão executivo do Mercosul e fornecer as informações que lhes forem solicitadas. Da mesma forma, deverão manter o GMC informado sobre a evolução e progresso das negociações”, diz o texto da proposta uruguaia.
Montevidéu tem interesse em flexibilizar a atuação do bloco para contornar as burocracias – e atrasos – de negociações multilaterais, com foco em acordos com Estados Unidos e China. Embora tenha sido criado há quase três décadas, o Mercosul ainda está longe de azeitado.
Embora o bloco ainda não tenha batido o martelo sobre a proposta, ela não foi muito bem recebida. Em novembro passado, os coordenadores nacionais de Brasil, Argentina e Paraguai no Mercosul enviaram um alerta ao Uruguai após o país ter supostamente agido individualmente em busca de acordos comerciais de teor tarifário.
Em nota conjunta, Brasil, Argentina e Paraguai disseram ter informado o Uruguai que se reservam ao “direito de adotar as eventuais medidas que julgarem necessárias para a defesa de seus interesses” jurídicos e comerciais.