Lula cancela jantar com príncipe saudita que presenteou joias a Bolsonaro
Segundo assessoria do presidente, mudança foi feita devido à intensa agenda do petista na Europa nos últimos dias
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retirou de sua agenda um jantar nesta sexta-feira, 23, em Paris, com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman. Segundo a assessoria do presidente, a mudança foi feita devido à intensa agenda do petista na Europa nos últimos dias, que incluiu encontros com o papa Francisco, o presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra italiana, Georgia Meloni.
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Apesar de Lula ter afirmado que as diferenças ideológicas entre os líderes não devem ser um impedimento para a diplomacia, o governante saudita é alvo de diversas denúncias de detenções arbitrárias, tortura, execução. Além disso, Bin Salman também foi acusado de ser o mandatário do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi e de ordenar bombardeios ilegais que mataram civis no Iêmen.
“Em nenhum país do mundo que eu visito, me preocupo com o pensamento ideológico do presidente. Enquanto chefe de Estado, estou conversando com outro chefe de Estado. É isso que eu levo em conta, porque ele foi eleito pelo seu povo e eu, pelo meu”, disse o petista. “Quando se trata de chefe de Estado, não existe nenhuma possibilidade de ter veto ideológico a qualquer pessoa.”
No cenário brasileiro, o príncipe herdeiro, conhecido pela sigla MBS, é parte do escândalo de joias entregues ao ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem tinha uma relação amigável. Uma perícia da Receita Federal estimou o valor de R$ 5 milhões para as joias presenteadas pelo líder saudita a Bolsonaro, que teria tentado trazê-las ilegalmente ao Brasil.
Em um depoimento à Polícia Federal, Bolsonaro afirmou que só descobriu os presentes de Bin Salman e a retenção do pacote um ano depois. No entanto, ele não declarou como ficou ciente da chegada das joias.
Apesar das diversas denúncias contra seu governo, Bin Salman vive um momento de protagonismo, sobretudo em meio à guerra na Ucrânia, que elevou os preços dos combustíveis. A Arábia Saudita é o segundo maior produtor de petróleo e os interesses econômicos se sobrepuseram.