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Londres anuncia projeto para construir inédito memorial às vítimas da escravidão

Com conclusão prevista para 2026, escultura interativa pretende ser lembrete do passado colonial britânico; anúncio ocorre após onda de protestos racistas

Por Da Redação Atualizado em 23 ago 2024, 14h15 - Publicado em 23 ago 2024, 14h03

A prefeitura de Londres, no Reino Unido, anunciou nesta sexta-feira, 23, um projeto para criar o primeiro memorial dedicado às vítimas da escravidão na capital inglesa. 

O monumento será instalado em West India Quay, no leste da cidade, onde, no início do século XIX, armazéns foram construídos para receber mercadorias produzidas por pessoas escravizadas, como o açúcar vindo do Caribe.

A escultura de sete metros de atura, feita em bronze e moldada na forma de uma concha de cowrie — antigamente utilizada como moeda no comércio de pessoas escravizadas na África —, será um espaço onde os visitantes poderão entrar e interagir com a obra de arte. O projeto foi escolhido por um júri entre seis finalistas e deve ser concluído em 2026.

Intitulado “The Wake”, o memorial foi desenhado pelo artista americano Khaleb Brooks, cujos ancestrais foram escravizados em Mississippi, no sudeste dos Estados Unidos. Ele disse que espera que o monumento seja um espaço de reflexão e lembrança dos milhões de africanos que foram escravizados.

“Quando falamos sobre o comércio transatlântico de escravos, estamos falando da história da humanidade e não apenas das histórias dos negros”, enfatizou Brooks.

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Memória racial

O anúncio foi feito pelo prefeito de Londres, Sadiq Khan, durante o Dia Internacional da Unesco para a Memória do Comércio de Escravos e sua Abolição. “É essencial que as ruas, estátuas e memoriais de Londres reflitam nossa história compartilhada, e este memorial ajudará a lembrar e educar os londrinos sobre o papel da capital nesse terrível tratamento dos seres humanos”, disse Khan.

A prefeitura prometeu 500 mil libras (cerca de R$3,6 milhões na cotação atual) para financiar a construção do memorial, mas doações privadas serão necessárias para cobrir os custos totais, ainda indefinidos.

“Sabemos que grande parte da riqueza de Londres foi construída às custas de pessoas escravizadas”, disse Debbie Weekes-Bernard, vice-prefeita de Comunidades e Justiça Social de Londres. Ela acrescentou que o projeto será apoiado por um programa educacional sobre a escravidão e disse que espera que o espaço seja um “novo passo” para um diálogo mais profundo sobre o passado colonial britânico e seus reflexos no presente.

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O anúncio do projeto ocorre após o Reino Unido ter vivido manifestações violentas anti-imigrantes e islamofóbicas – as piores desde 2011 no país.

Existem mais de 900 monumentos públicos ligados à escravidão transatlântica no Reino Unido. No entanto, a maioria deles está associada a escravizadores ou abolicionistas brancos, de acordo com uma pesquisa publicada pela fundação Informa UK Limited.

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