Líder da oposição britânica chama Theresa May de “mulher burra”
UE adota pacote para evitar paralisação do tráfego aéreo, suspensão do mercado de derivativos e transtornos para cidadãos de lado a lado
O líder da oposição no Reino Unido, o trabalhista Jeremy Corbyn, foi alvo de críticas nesta quarta-feira, 19, depois de aparentemente ter chamado a primeira-ministra, Theresa May de “mulher burra”.
O caso aconteceu durante uma discussão no Parlamento britânico sobre o Brexit. May criticava a tentativa do oposicionista de organizar uma moção de censura contra sua liderança, quando Corbyn foi surpreendido pelas câmeras de televisão murmurando o insulto.
O vídeo ganhou muito espaço no Twitter, e membros da bancada conservadora passaram a protestar contra a atitude, gritando as palavras “vergonha” e “escândalo”. Vários deputados pediram ao presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, que tomasse medidas contra Corbyn.
No entanto, Bercow negou-se a reprimir o líder trabalhista, garantindo que não havia “visto nem ouvido nada”, antes de ressaltar que qualquer culpado deste tipo de atos deveria pedir desculpas.
May também protestou contra o insulto. “No centenário da obtenção do direito ao voto para as mulheres (no Reino Unido), todo mundo deveria estimular as mulheres a virem a esta câmara (…) e utilizar, portanto, uma linguagem adequada para se referir a seus membros do sexo feminino”.
A líder conservadora na Câmara dos Comuns, Andrea Leadsom, também se envolveu na discussão e dirigiu então suas críticas contra Bercow, que há alguns meses também foi acusado de chamar uma deputada da oposição de “burra”.
Leadsom perguntou ao presidente da Câmara por que ele mesmo não havia se desculpado depois do ocorrido. “A questão já foi tratada e não voltarei a fazer isso”, respondeu Bercow.
Um porta-voz do Partido Trabalhista negou que Corbyn tenha pronunciado as palavras “mulher burra” e afirmou que ele tinha dito “gente burra”.
“Ele deixou claro que não disse ‘mulher burra’ e que não tem tempo para nenhum tipo de ataque misógino”, acrescentou.
Corbyn apresentou na segunda-feira 17 uma moção de censura contra Theresa May, após a recusa da primeira-ministra em convocar uma votação no Parlamento sobre o pacto fechado com a União Europeia (UE) para o Brexit antes de janeiro.
A premiê chegou a um acordo com os líderes da União Europeia no final de novembro, mas encontra grande resistência no Parlamento ao texto e dentro de seu próprio partido para aprová-lo.
Brexit sem acordo
Diante da possibilidade de que o pacto não seja aprovado, a União Europeia e o Reino Unido já se preparam para um divórcio sem um pacto definido.
A Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, publicou nesta quarta-feira um pacote de 14 medidas para proteger os setores mais afetados por um possível Brexit sem acordo, tais como alfândega, serviços financeiros e transporte aéreo. O plano será “temporário, limitado em seu alcance e unilateral”.
Na área dos direitos dos cidadãos, a Comissão pede aos Estados-membros que abordem o assunto de maneira “generosa”, sempre que o Reino Unido fizer o mesmo, e propõe que sejam oferecidas garantias para os cidadãos britânicos que vivem legalmente em um país europeu manterem seu status depois de 29 de março.
Bruxelas também pede aos governos dos países da União Europeia que garantam a segurança jurídica e os direitos adquiridos pelos cidadãos de trabalhar e contribuir para a previdência social em outro país do bloco.
Também haverá um esquema temporário de transição para contratações, que permitirá que cidadãos europeus e trabalhadores de qualquer qualificação de outros países de “risco baixo” entrem em solo britânico sem uma oferta de emprego por até 12 meses de cada vez.
Para os serviços financeiros, a União Europeia estabeleceu que, em algumas áreas sensíveis, como o mercado de derivativos, serão estabelecidas equivalências temporárias com o Reino Unido para evitar ao máximo qualquer tipo de interrupção dos negócios.
Para o transporte aéreo, o bloco propõe medidas que busquem evitar a paralisação total do tráfego aéreo entre o Reino Unido e o restante da UE.
Segundo a Comissão Europeia, contudo, as medidas apresentadas não podem reduzir o impacto geral da falta de acordo sobre o Brexit. Tratam-se de iniciativas “limitadas a áreas específicas, nas quais é absolutamente necessário proteger os interesses vitais da União Europeia e nas quais as medidas de preparação em si mesmas não são suficientes”, afirmou o órgão.
“Há um acordo sobre a mesa, e a melhor solução é ratificar esse acordo. Isso reduziria as possíveis interferências e nos permitiria preparar de maneira adequada para a futura relação entre a União Europeia e o Reino Unido”, explicou o vice-presidente da Comissão Europeia para o Euro, o ex-primeiro-ministro da Letônia Valdis Dombrovskis.
(Com EFE, Estadão Conteúdo e AFP)