Líbano ordena prisão domiciliar de autoridades do porto de Beirute
Suspeita é que a negligência com cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenado por seis anos tenha levado à enorme explosão desta terça
O governo do Líbano determinou nesta quarta-feira, 5, que as autoridades do porto de Beirute responsáveis pelas operações de armazenamento e segurança sejam colocados em prisão domiciliar. A suspeita é de que a negligência dessas autoridades tenha contribuído para a enorme explosão ocorrida na capital libanesa na terça-feira 4 e que matou ao menos 135 e feriu mais de 5.000 pessoas.
Não foi informado quantas pessoas serão alvo do pedido de prisão. O número de vítimas deve aumentar nas próximas horas, pois são feitas buscas em meio aos escombros e há suspeitas de que corpos foram lançados ao mar.
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Clique e AssineNas primeiras horas desta quarta, o primeiro-ministro Hassan Diab disse que cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, um material altamente explosivo, estavam estocadas em um armazém portuário pelos últimos seis anos “sem medidas preventivas”. O governo agora afirma que um curto-circuito causou incêndio e explosão em um depósito de fogos de artifício e posteriormente no armazém onde estava o produto químico.
A explosão provocou ondas de choque que estilhaçaram janelas, danificaram edifícios e fizeram estremecer o chão de toda a capital libanesa. Edifícios localizados até 10 quilômetros de distância foram danificadas e o choque foi sentido no Chipre, a cerca de 240 quilômetros de distância, e registrado como um terremoto de magnitude 3,3.
A carga
A explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, usado em bombas e fertilizantes, armazenadas em um hangar no porto de Beirute, levou os libaneses a se perguntar o que uma carga altamente inflamável fazia ali. Segundo a emissora árabe Al Jazeera, membros do governo libanês sabiam há mais de seis anos que a substância estava armazenada no porto de Beirute e estavam cientes dos perigos que isso representava.
A carga de nitrato de amônio chegou ao Líbano em setembro de 2013, a bordo de um navio de propriedade russa com uma bandeira da Moldávia. O barco estava indo da Geórgia para Moçambique, afirma a reportagem da Al Jazeera.
Segundo uma reportagem de 2014 do jornal Ukrainian Sailor, o navio enfrentou problemas técnicos no caminho e foi forçado a atracar em Beirute, mas as autoridades libanesas impediram os tripulantes de desembarcar. Os funcionários ficaram presos no barco por meses, vivendo em péssimas condições e com pouca comida, já que a companhia responsável pelo carregamento não podia pagar pelos reparos.
Por fim, a empresa negociou a libertação do navio com as autoridades libanesas. O governo local também concedeu permissão para que a carga fosse armazenada temporariamente no porto, mas os produtos nunca saíram de lá. Ao longo dos últimos anos, chefes da alfândega libanesa enviaram ao menos seis cartas à Justiça e a outras autoridades pedindo que fosse dado um destino ao material, mas não obtiveram respostas.
O presidente Michel Aoun disse estar determinado a investigar e revelar o que aconteceu o mais rápido possível, assim como responsabilizar os culpados.