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Rússia aponta que recuo da Ucrânia sobre Otan responderia preocupações

Fala de porta-voz foi feita em reação à declaração do embaixador ucraniano no Reino Unido de que Kiev poderia abandonar desejo para evitar conflito militar

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 fev 2022, 11h37 - Publicado em 14 fev 2022, 11h29

O governo da Rússia indicou nesta segunda-feira, 14, que uma possível desistência da Ucrânia em integrar a Otan, principal aliança militar ocidental, seria uma contribuição significativa para aliviar preocupações de segurança colocadas por Moscou.

“Seria um passo que contribuiria significativamente a formular uma resposta mais substancial às preocupações russas”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva diária.

O Kremlin é contra a possível adesão de Kiev à aliança militar da Otan e vem alertando que uma confirmação terá consequências graves. Segundo o presidente russo, Vladimir Putin, uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. De acordo com ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado. 

A Aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos 30 aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.

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A fala do representante russo foi feita em reação à declaração do embaixador da Ucrânia no Reino Unido, Vadym Prystaiko, de que Kiev poderia desistir do desejo de integrar a Otan para evitar um conflito militar com a Rússia. À BBC, o diplomata indicou que o governo ucraniano seria “flexível” sobre o objetivo de integrar a aliança militar, o que é considerado uma ameaça para o governo russo.

Nesta segunda-feira, Peskov destacou que Kiev pediu que o embaixador explicasse as declarações, por isso “é pouco provável que se possa considerar como um fato consumado”. Após a fala de Prystaiko, a Presidência ucraniana destacou que a via euroatlântica para que o país se torne membro da Otan está consagrada na Constituição nacional e é prioridade “incondicional.

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Após a repercussão negativa em seu país, Prystaiko afirmou nesta segunda-feira que a Ucrânia está “pronta para muitas concessões”, mas acrescentou que essas concessões “não têm nada a ver com a Otan”. Pouco depois, o porta-voz da Chancelaria ucraniana, Oleg Nikolenko, disse que  as palavras usadas pelo embaixador “são ruins” e “não há decisões que podem ser tomadas ao contrário”.

As preocupações do Ocidente se dão em meio à consolidação de forças russas perto da fronteira com a Ucrânia.  De acordo com o Ministério da Defesa ucraniano, há, atualmente, mais de 127.000 soldados russos posicionados perto de seus limites. A Rússia cercou o norte do país vizinho, onde a fronteira é mais desguarnecida, posicionando seu Exército como uma ferradura, cercando a região por três lados, em territórios de Belarus, de quem é aliada.

Além da presença, Moscou deu início na última quinta-feira a dez dias de exercícios conjuntos com o Exército de Belarus, transferindo cerca de 30.000 soldados, dois batalhões de sistemas de mísseis terra-ar e diversos caças para os arredores de Minsk. Os treinamentos, no entanto, estão sendo vistos pelos Estados Unidos e pela Otan como pretexto para Moscou aumentar ainda mais o número de tropas ao longo da divisa com território ucraniano. A capital ucraniana, Kiev, fica a cerca de 200 quilômetros da fronteira com Belarus.

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