Juiz russo rejeita recurso contra prisão preventiva de repórter americano
Evan Gershkovich, do 'Wall Street Journal', vai permanecer detido até o dia 29 de maio, quando começa seu julgamento por acusações de espionagem
Um tribunal da Rússia rejeitou, nesta terça-feira, 18, um recurso do repórter do jornal americano The Wall Street Journal, Evan Gershkovich, contra sua prisão preventiva antes do fim da investigação por acusações de espionagem. Gershkovich deve continuar sob custódia até seu julgamento, marcado para o final de maio.
Gershkovich, 31, é o primeiro jornalista dos Estados Unidos a ser detido na Rússia por acusações de espionagem desde o fim da Guerra Fria. O serviço de segurança russo, FSB, o acusou de coletar segredos sobre os militares russos para o benefício da inteligência americanas. Caso considerado culpado, ele pode ser condenado a até 20 anos de prisão.
As audiências estão sendo realizadas em sessões fechadas devido à natureza das acusações, mas as câmeras foram brevemente permitidas no tribunal antes do início da audiência desta terça-feira, 18. O tribunal estava considerando apenas a decisão de manter Gershkovich preso, não o caso em si.
Essa foi a primeira vez que o mundo viu imagens de Gershkovich desde sua prisão, no final de março. O jornalista estava dentro do “aquário”, uma caixa de vidro onde ficam os réus em processos judiciais russos. Ele parecia calmo e foi fotografado sorrindo, mas marcas nos seus pulsos mostravam que havia sido algemado.
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O jornalista está detido na prisão de Lefortovo em Moscou, que foi administrada pela KGB durante o período soviético e manteve vários dissidentes e outros prisioneiros de alto nível. Na segunda-feira 17, ele recebeu uma visita da embaixadora dos Estados Unidos na Rússia, Lynne Tracy, a primeira vez que diplomatas americanos tiveram acesso a ele desde sua prisão.
“Ele está bem de saúde e continua forte. Reiteramos nosso pedido por sua libertação imediata”, disse Tracy, que também estava presente no tribunal nesta terça-feira, em um comunicado.
Além disso, o porta-voz do conselho de segurança nacional dos Estados Unidos, John Kirby, reiterou que “vamos continuar trabalhando para libertá-lo” e revelou que diplomatas americanos solicitariam acesso consular regular.
Após a prisão de Gershkovich, várias autoridades russas de alto escalão denunciaram sua culpa, aumentando a sensação dos americanos de que o caso tinha motivação política. O porta-voz de Vladimir Putin, Dmitry Peskov, chegou a afirmar que o jornalista havia sido pego “em flagrante”.
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O Wall Street Journal e as autoridades americanas negaram as acusações, e várias organizações de direitos humanos e meios de comunicação pediram sua libertação. Na semana passada, os Estados Unidos afirmaram oficialmente que Gershkovich foi preso injustamente, assinando uma declaração conjunta com 40 países para expressar preocupação com as acusações “falsas” e protestar contra os “esforços da Rússia para limitar e intimidar a mídia”.
Moscou tem adotado uma abordagem cada vez mais repressiva contra jornalistas. Na segunda-feira, o ativista Vladimir Kara-Murza foi condenado a 25 anos de prisão sob a acusação de traição, manobra também vista como de natureza política.
O Ministério das Relações Exteriores russo criticou os embaixadores dos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá por “interferência grosseira nos assuntos e atividades da Rússia que não são compatíveis com o status diplomático”.
Analistas especulam que a Rússia está tentando arranjar uma troca para vários espiões russos presos em diversos países. Além de Gershkovich, a Casa Branca também está tentando libertar Paul Whelan, um ex-fuzileiro naval condenado na Rússia por espionagem em 2020.