John Bolton faltou em depoimento sobre impeachment de Trump no Congresso
Democratas da Câmara ainda podem intimá-lo a depor, mas caso seria levado à Justiça e daria início a longo processo
O ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, não compareceu ao Congresso para testemunhar no inquérito de impeachment do presidente Donald Trump, como estava previsto para esta quinta-feira, 7.
O jornal americano The Washington Post publicou que Bolton estaria disposto a depor sobre o que considera como irregularidades na forma como Trump e seu governo agirem para pressionar a Ucrânia a investigar Joe Biden e seu filho. Porém, o ex-conselheiro não falou perante a Câmara dos Deputados às 9h (11h de Brasília), conforme estava previsto.
Os democratas da Câmara ainda podem intimá-lo a depor. Segundo a emissora americana CNN, contudo, o advogado de Bolton, Charles Cooper, já disse que levará o caso à Justiça caso seja emitida uma intimação.
Se o caso for levado aos tribunais, daria início a um longo processo, que provavelmente se estenderia para além do período de análise impeachment, que a Câmara pretende encerrar antes do fim deste ano.
Portanto, qualquer decisão judicial que permitiria a Bolton testemunhar provavelmente chegaria tarde demais para o cronograma dos democratas, segundo a CNN.
Uma autoridade do Comitê de Inteligência da Câmara disse que os deputados não têm interesse em dar início a uma batalha judicial, e que a resistência do ex-conselheiro em participar do inquérito “aumentará a evidência da obstrução do presidente pelo Congresso”.
John Bolton seria uma das testemunhas mais relevantes da investigação, por sua proximidade com Trump e com a questão da Ucrânia. Além disso, já foi citado no depoimento de Fiona Hill, ex-autoridade da Casa Branca e sua antiga colega de trabalho.
“Giuliani é uma granada de mão que vai explodir todo mundo. Não sou parte de nenhuma ilegalidade que Sondland e Mulvaney estejam planejando”, teria afirmado Bolton, segundo disse Hill em seu depoimento, referindo-se ao embaixador dos Estados Unidos na União Europeia, Gordon Sondland, e ao chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney.
Sondland e Mulvaney também estão envolvidos no caso Ucrânia. Trump é investigado por abuso de poder em sua pressão sobre o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, para investigar seu potencial adversário nas urnas, Joe Biden.
Em uma troca de mensagens de setembro de 2019, Sondland e outros diplomatas americanos deixam claro ao governo ucraniano que uma possível melhora nas relações entre Kiev e Washington iria depender da cooperação de Zelensky na busca por informações sobre Joe Biden e seu filho, Hunter.
Posteriormente, Mulvaney admitiu que Trump insistiu que a Ucrânia prosseguisse com uma investigação sobre uma suposta “corrupção dos democratas”, que teriam aceitado a ajuda ucraniana nas eleições de 2016. Em troca, liberaria o envio de 250 milhões de dólares em ajuda militar prometidos anteriormente à Ucrânia para reforçar a defesa contra a Rússia.