Itália: imprensa destaca elogio de premiê a Bolsonaro por caso Battisti
O jornal Corriere della Sera reproduziu a nota em que Giuseppe Conte agradece a "eficaz cooperação" do governante brasileiro
O jornal italiano Corriere della Sera repercutiu a ligação telefônica entre Jair Bolsonaro, e o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte logo após a prisão de Cesare Battisti em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Objeto de longas negociações diplomáticas nos últimos anos, o ex-membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PCA) era condenado por quatro homicídios e estava foragido desde 1990.
Em sua conta no Facebook, Conte escreveu “há pouco estive ao telefone com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e queria agradecê-lo em nome de todo governo italiano pela eficaz cooperação que teve na captura de Battisti.”
Ele estendeu os agradecimentos às autoridades bolivianas, exaltando o sentimento de justiça para a família das vítimas. Contrariando a defesa de Battisti, que demandou uma escala em Brasília, o italiano viajou direto para o aeroporto de Ciampino, em Roma, onde desembarcou na manhã desta segunda, 14. Polícia e agentes penitenciários escoltaram o italiano para o escritório de imigração em que ele registrará sua identificação fotográfica. Depois, o ex-membro do PAC será encaminhado para a prisão de Rebibbia, na zona urbana de Roma.
Ainda segundo o Corriere, uma faixa com a inscrição “Battisti libero” (Battisti livre, em tradução) foi pendurada em frente ao Coliseu, um dos principais pontos turísticos da capital italiana. A inscrição ainda pedia “anistia para o companheiro”.
Matteo Salvini, ministro do Interior e vice-primeiro-ministro da Itália, um dos principais mediadores da extradição do condenado, não teve nenhum contato com o condenado e disse “esperar nunca ver Battisti de perto”.
O italiano foi condenado à prisão perpétua em 1993 à revelia pelos assassinatos do joalheiro Pierluigi Torregiani, de dois policiais e de um açougueiro, enquanto seu grupo realizava alguns assaltos para financiar-se. Em um destes assaltos ficou ferido o filho de Torregiani, que desde então está em uma cadeira de rodas e que sempre pediu Justiça por estes crimes.
Em 2004, quando já estava há 11 anos asilado na França, Cesare Battisti sofreu a ameaça de revogação da sua condição como refugiado político. Foi então que ele viajou para o Brasil, onde foi detido uma primeira vez em 2009. No ano seguinte, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou sua permanência no país. Em 2018, o italiano fugiu após a decisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) de extraditá-lo e foi preso neste domingo, na Bolívia.
Antes da decisão de Temer, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que ainda não havia assumido o cargo, também tinha firmado compromisso com o governo italiano de extraditá-lo.