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Israel e Hamas selam acordo para cessar-fogo em Gaza, dizem agências

Questões técnicas, porém, ainda podem inviabilizar a trégua, que não tem data de início e ainda precisa ser ratificada no parlamento israelense

Por Redação Atualizado em 15 jan 2025, 15h44 - Publicado em 15 jan 2025, 14h15

Israel e Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que inclui libertação de reféns israelenses em troca de palestinos detidos por Tel Aviv, informaram as agências de notícias Reuters e The Associated Press, bem como o jornal The Times of Israel, nesta quarta-feira, 15. Nenhuma das partes, porém, anunciou a notícia oficialmente.

Se implementado, o acordo interromperia mais de um ano de impasses nas negociações e de violentos combates no enclave palestino, consolidando a segunda pausa, com potencial de ser permanente, desde que a guerra começou, em 7 de outubro de 2023.

O cenário, porém, continua incerto, em partes. O jornal americano The New York Times, embora tenha confirmado o avanço com duas autoridades do governo americano, destacou que o aceite da trégua tem característica “provisória” e que o acordo se trata de um “esboço geral”. Além disso, os negociadores ainda precisam confirmar uma data de início (uma autoridade da Casa Branca falou em “efeito imediato”, mas não deu detalhes), enquanto outras questões técnicas ainda podem inviabilizar o cessar-fogo.

O acordo ainda precisa ser formalmente ratificado pelo gabinete israelense, que indicou que a votação ocorrerá na quinta-feira, 15, às 11h00 do horário local (6h00 em Brasília). Espera-se que a maioria dos ministros do governo aprove o acordo, disse uma autoridade de Israel à Reuters. Mas posição em Tel Aviv ainda é incerta, em meio a ameaças de deserção de membros da coalizão do premiê Benjamin Netanyahu, contrários ao fim da guerra.

Funcionários da Casa Branca disseram ao NYT, além disso, que houve uma disputa de última hora sobre a fronteira Egito-Gaza, o chamado Corredor da Filadélfia, que atualmente é controlada por forças israelenses — o que ainda pode atrasar um acordo final.

O Catar, um dos principais mediadores ao lado do Hamas, já havia indicado que a trégua estava “mais próxima do que nunca” e afirmou que fará um briefing com o primeiro-ministro ainda nesta quarta-feira.

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Trump x Biden

Ignorando as ressalvas, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse na próxima segunda-feira, 20, comemorou imediatamente o avanço em sua rede social, a Truth, afirmando que os reféns israelenses serão libertados “em breve”.

“TEMOS UM ACORDO PARA OS REFÉNS NO ORIENTE MÉDIO. ELES SERÃO LIBERTADOS EM BREVE. OBRIGADO!”, escreveu na postagem, em letras maiúsculas, como de praxe.

O atual presidente americano, Joe Biden, está se preparando para abordar o acordo na quinta-feira, 16, segundo a Associated Press.

Suas equipes trabalharam em conjunto nas negociações, embora ambos disputem o crédito pelo avanço. Na Truth, Trump disse que o acordo só poderia ter acontecido como resultado de sua vitória eleitoral “histórica”, que “sinalizou para o mundo inteiro que minha administração buscaria a paz e negociaria acordos para garantir a segurança de todos os americanos e nossos aliados”.

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Ele prometeu que sua equipe de segurança nacional e seu enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, continuarão a trabalhar em estreita colaboração com Israel para garantir que Gaza “nunca mais se torne um refúgio seguro para terroristas”.

“Continuaremos promovendo a PAZ ATRAVÉS DA FORÇA em toda a região. Este é apenas o começo de grandes coisas que virão para a América e, de fato, para o Mundo!”, afirmou. “Alcançamos tanta coisa sem nem estar na Casa Branca. Imagine todas as coisas maravilhosas que acontecerão quando eu retornar à Casa Branca e minha Administração estiver totalmente confirmada.”

A situação lembra os últimos dias de Jimmy Carter, ex-presidente americano falecido em dezembro passado, no poder. Após 444 dias da crise dos reféns no Irã, quando 53 americanos foram detidos numa invasão à embaixada dos Estados Unidos em Teerã, ele finalmente conseguiu assegurar a libertação dos cidadãos. No entanto, a questão custou-lhe a vitória nas eleições, e autoridades iranianas só permitiram a decolagem dos aviões que levaram os reféns para casa até a posse de Ronald Reagan, que tomou o crédito pela conquista.

Detalhes do acordo

De acordo com informações vazadas pela mídia israelense, o acordo de cessar-fogo será implementado em três etapas, ao longo de seis semanas.

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Na primeira, 33 prisioneiros israelenses em posse do Hamas serão libertados. Em troca de cada mulher das Forças Armadas, Israel vai soltar 50 prisioneiros palestinos, e mais 30 sairão da prisão em troca dos civis restantes mantidos em cativeiro.

Ao mesmo tempo, segundo reportagens na mídia israelense, os militares de Tel Aviv deixarão o Corredor Filadélfia – território entre as fronteiras de Gaza e Egito –, um dos principais pontos que travaram as negociações. Não se sabe qual será a versão final dessa cláusula, nem como a retirada acontecerá.

A segunda fase começará 16 dias depois, com foco nas negociações para libertar os prisioneiros restantes.

A etapa final abordará acordos de longo prazo, incluindo um governo alternativo em Gaza e esforços de reconstrução do enclave devastado.

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Na terça-feira 14, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, expôs o plano de Washington para o pós-guerra. O chefe da diplomacia americana, que será substituído pelo senador Marco Rubio no governo Trump, disse que o governo interino ficará nas mãos da Autoridade Palestina, mas que haveria uma parceria com as Nações Unidas e uma força de segurança com soldados de “nações parceiras”, para supervisionar os assuntos civis no enclave.

Depois, o governo interino entregaria o poder a uma Autoridade Palestina “reformada”. No entanto, Israel rejeitou repetidamente permitir que a organização, que administra áreas da Cisjordânia ocupada, assuma o governo de Gaza.

“Por muitos meses, temos trabalhado intensamente com nossos parceiros para desenvolver um plano pós-conflito detalhado que permitiria que Israel se retirasse totalmente de Gaza, impedisse o Hamas de se reerguer e fornecesse governança, para a reconstrução de Gaza”, disse Blinken.

Os Estados Unidos alertaram Israel que o Hamas não poderia ser derrotado apenas com uma campanha militar, ele afirmou.

“Avaliamos que o Hamas recrutou quase tantos (combatentes) novos quanto perdeu. Essa é uma receita para uma insurgência duradoura e guerra perpétua”, disse ele.

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