Israel diz que manterá tropas no sul do Líbano após prazo previsto em acordo de cessar-fogo
Pedido havia sido rejeitado por comitê que supervisiona trégua; Hezbollah se manifestou contra a continuidade da presença israelense

Confirmado temores expressados pelo presidente do Líbano, Joseph Aoun, Israel manterá tropas em posições no sul libanês depois da data limite de terça-feira, 18, como dita parte do acordo de cessar-fogo negociado em novembro entre a milícia libanesa Hezbollah e Israel. A medida foi anunciada nesta segunda-feira, 17, por um porta-voz do Exército israelense.
O tenente-coronel Nadav Shoshani, afirmou que a presença das tropas é necessária para proteger cidadãos israelenses e coordenar a transição de segurança com as Forças Armadas libanesas.
Inicialmente, o acordo determinava uma retirada israelense da região até 26 de janeiro, com o prazo sendo estendido para 18 de fevereiro. Na semana passada, Israel tentou mais uma extensão adicional por meio do comitê que supervisiona o cessar-fogo. O pedido foi rejeitado por representantes libaneses no comitê — que inclui autoridades de Estados Unidos, França, Israel e Nações Unidas —, segundo a emissora libanesa LBCI.
Em troca da saída israelense do sul libanês, combatentes do Hezbollah também deixariam a área, que seria então controlada pelo Exército do Líbano.
O Hezbollah se manifestou contra a continuidade da presença israelense. O grupo afirmou que qualquer presença israelense no Líbano após o prazo seria considerada uma “ocupação”. A presença militar israelense no sul do Líbano remonta a 1982, quando o Hezbollah foi fundado para combater as invasões israelenses. Israel manteve ocupação no sul do Líbano por 22 anos, retirando-se em 2000 após uma série de ataques contínuos ao território libanês.
Apesar do cessar-fogo, o Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED), um grupo de coleta de dados, registrou 330 ataques aéreos e bombardeios realizados por Israel entre 27 de novembro e 10 de janeiro, bem como 260 eventos de destruição de propriedades. No sábado, 8, um ataque aéreo israelense matou seis pessoas e deixou outros dois feridos em Shaara, no leste do país.
O conflito entre Israel e o Hezbollah começou em 8 de outubro, quando o grupo libanês lançou ataques em solidariedade ao grupo palestino Hamas em Gaza. Israel intensificou seus ataques ao Líbano em setembro e matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em 27 de setembro. Israel matou cerca de 4.000 pessoas no Líbano desde outubro de 2023, incluindo crianças e mulheres em explosões indiscriminadas, como a explosão de pagers supostamente usados pela milícia.