Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Esquenta Black Friday: Assine VEJA por 9,90/mês

Israel critica Brasil por processo na ONU que acusa país de genocídio: ‘falha moral’

Governo Lula se juntou oficialmente à África do Sul em ação na Corte Internacional de Justiça na quarta-feira

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Júlia Sofia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 jul 2025, 18h25 - Publicado em 24 jul 2025, 18h22

O Ministério das Relações Exteriores de Israel acusou o Brasil, nesta quinta-feira, 24, de cometer uma “profunda falha moral” ao aderir formalmente à ação movida pela África do Sul contra o governo israelense. O processo, movido na Corte Internacional de Justiça (CIJ), acusa Tel Aviv de violar a Convenção sobre Genocídio em suas operações militares no território palestino. 

“A decisão do Brasil de se juntar à ofensiva jurídica contra Israel na CIJ […] é uma demonstração de uma profunda falha moral. Num tempo em que Israel luta por sua própria existência, voltar-se contra o Estado judeu e abandonar o consenso global contra o antissemitismo é imprudente e vergonhoso”, publicou a chancelaria israelense em seu perfil oficial na rede X (antigo Twitter).

A crítica israelense ocorre num momento de forte pressão internacional sobre Tel Aviv, diante da escalada da crise humanitária em Gaza. Desde o início da guerra contra o grupo Hamas, em outubro de 2023, mais de 37 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde local — muitos deles mulheres e crianças. Organizações humanitárias acusam Israel de utilizar a fome como arma de guerra.

Decisão brasileira

A decisão do governo brasileiro de entrar no processo eleva a um novo patamar as críticas do governo Lula às operações militares israelenses no território palestino. Em nota oficial, o Itamaraty afirmou que o país não pode permanecer “inerte diante das atrocidades em curso” e expressou “profunda indignação” com a violência sistemática contra civis palestinos. O texto cita ataques à infraestrutura civil, a instalações das Nações Unidas, a sítios religiosos, como a paróquia católica de Gaza, além de atos de vandalismo por colonos extremistas na Cisjordânia.

O processo contra Israel foi aberto há dois anos pela África do Sul. No início do mês, a nação africana intensificou as acusações contra Israel, ao apresentar uma nova petição alegando que o país governado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu elevou o confronto a “uma nova e horrenda fase”. O documento veio após Bibi retomar, durante visita a Washington, o plano de expulsar os palestinos de Gaza, por meio da criação de uma suposta “cidade humanitária” onde toda a população ficaria concentrada. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Ehud Olmert, ex-premiê de Israel, equiparou o projeto a um “campo de concentração”.

Continua após a publicidade

O governo israelense, por sua vez, nega que sua atuação em Gaza viola leis internacionais.

A decisão do Brasil deve gerar reações de Israel, que já declarou Lula persona non grata no início do ano passado, e tem potencial de agravar as investidas do governo do presidente americano, Donald Trump, contra o país, uma vez que os Estados Unidos são o principal aliado da administração israelense. Momento particularmente tenso, já que Washington acaba de anunciar tarifas de 50% a todos os importados brasileiros.

Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) afirmou que o governo “distorce fatos e adota falsas narrativas criadas com o objetivo de demonizar Israel”, alertando que “o rompimento da longa amizade e parceria do Brasil com Israel é uma medida equivocada, que comprova o extremismo de nossa política externa”.

Continua após a publicidade

Fome em Gaza

Nesta quarta-feira, 23, mais de 100 grupos humanitários e de direitos humanos lançaram um alerta para a “fome em massa” que se alastra por toda a Faixa de Gaza, responsabilizando Israel pela crise no enclave. As ONGs apelaram que governos em todo o planeta tomem medidas urgentes, exigindo, inclusive, um cessar-fogo imediato e permanente e o fim de todas as restrições à ajuda humanitária que ainda afetam o território palestino.

+ Mais de 100 ONGs alertam para ‘fome em massa’ provocada por Israel em Gaza

Em um comunicado assinado e divulgado na quarta-feira por 109 organizações, incluindo Mercy Corps, Anistia Internacional, ActionAid, Conselho Norueguês para Refugiados e Médicos Sem Fronteiras (MSF), os grupos alertaram que a fome crescente da população está se espalhando por toda extensão do enclave sitiado.

“Enquanto o cerco do governo israelense mata de fome a população de Gaza, os trabalhadores humanitários agora se juntam às mesmas filas de alimentos, correndo o risco de serem baleados apenas para alimentar suas famílias. Com os suprimentos totalmente esgotados, as organizações humanitárias estão testemunhando seus próprios colegas e parceiros definhando diante de seus olhos”, afirmou o texto. “O sistema humanitário não pode se basear em falsas promessas. Sob o cerco total, as restrições, os atrasos e a fragmentação do governo de Israel criaram caos, fome e morte”, acrescentou.

Continua após a publicidade

Dez novas mortes relacionadas à fome e à desnutrição foram registradas nas últimas 24 horas por hospitais na Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde local. A contagem eleva o total de mortos por fome no território nas últimas semanas para 111.

Após o fracasso das negociações para estender o último cessar-fogo na guerra Israel-Hamas, o Exército israelense impôs um bloqueio total a Gaza em 2 de março, não permitindo a entrada de alimentos, medicamentos, combustível ou água.

No entanto, a operação só retornou sob o comando da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma empresa privada administrada pelos Estados Unidos e Israel que substituiu as Nações Unidas no fornecimento de ajuda humanitária. Segundo Tel Aviv, a troca foi necessária porque a UNRWA, principal agência da ONU no enclave palestino, estaria em conluio com o Hamas. (Após uma investigação interna, a UNRWA demitiu nove de seus 13 mil funcionários sob suspeita de envolvimento no ataque a comunidades israelenses em outubro de 2023, que desencadeou a guerra, mas não encontrou evidências das alegações mais amplas de Israel.)

Continua após a publicidade

Desde que a operação da GHF foi montada no final de maio, mais de 1.000 pessoas famintas foram mortas tentando obter alimentos em centros de distribuição, a maioria alvejada por soldados israelenses. A empresa vem recebendo cada vez mais críticas devido aos seus métodos de entrega – em um número limitado de locais fortemente militarizados. A GHF administra apenas quatro locais para alimentar 2 milhões de pessoas. Antes, a UNRWA sustentava mais de 400 pontos de distribuição de ajuda. As Nações Unidas, no final de junho, condenaram a “transformação de alimentos em armas” por Israel na Faixa de Gaza, o que definiu como um “crime de guerra”.

No início da semana, 25 países pediram o fim imediato da guerra, afirmando que o sofrimento em Gaza “atingiu novos patamares”. A União Europeia também alertou Israel sobre a necessidade de medidas em relação ao agravamento da crise de fome em Gaza, enquanto os Estados Unidos disseram que o enviado do presidente Donald Trump, Steve Witkoff, irá à Europa para negociações sobre um cessar-fogo e um “corredor” de ajuda humanitária.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA CONTEÚDO LIBERADO

Digital Completo

A notícia em tempo real na palma da sua mão!
Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 47% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.